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Falar no sucesso e no fracasso nada mais é que uma necessidade, de modo que o sucesso se afirma quando alcançamos os resultados esperados num dado empreendimento, já o fracasso se concretiza como uma perda, pelo fato de não termos ora conseguido alcançar determinadas expectativas desejadas ora perdido alguma coisa e/ou pessoa.
O mal da sociedade moderna é que o fracasso, em si, virou sinônimo de vergonha, a ponto de nos fazer sentir vergonha de nós mesmos, de quem somos e do que somos. Eu vejo a questão de forma diferenciada, já que se houve por parte do indivíduo muito esforço na tentativa de se alcançar o sucesso, mas que este não foi alcançado por motivos desconhecidos, não houve fracasso, o que houve foi uma empreitada não bem sucedida.
É preciso lembrar o quanto nos martirizamos em razão do que entendemos como fracasso, a ponto de sofrer física e emocionalmente, chegamos a se martirizar tanto que nossa carne também adoece, ficamos com a imunidade de nosso corpo fraca, momento este que vírus, bactérias e diversas doenças agem com força, a ponto de nos levar à morte. Precisamos entender que pra alguém ganhar é preciso alguém perder, que tudo gira em torno do ganhar e/ou perder. Por mais que sejamos bons e/ou capazes nunca seremos suficientemente bons para determinadas pessoas, que sempre haverá uma coisa ou outra em nós que os incomoda.
Tal reflexão nos faz pensar no diferente, de modo que o diferente nos aproxima e/ou nos repele, lidamos com o diferente a todo momento, julgamos o diferente todo dia e toda hora, somos educados a julgar, julgar e julgar, como se fôssemos moralistas ou exemplo, daí o problema, julgamos tanto os outros a ponto de fazer o sentimento do fracasso se transformar numa verdadeira tortura psicológica que mais assassina que ensina o indivíduo. O excesso de julgamentos a que somos submetidos faz com que nos afastemos uns dos outros, nos expelimos a ponto de não querer nem mesmo ficar próximos, por isso as pessoas adoecem tanto, pois julgam tanto umas às outras que não compreendem a si mesmas, nem mesmo a razão do excesso do julgamento ao outro.
O problema vai mais além, o excesso de julgamento a que somos submetidos se tornam tão presentes em nosso psicológico e em nossa vida a ponto de não conseguirmos nos libertar, pois quando não cuidamos de nossa saúde psicológica nosso corpo tende a adoecer, já que a saúde de nosso corpo não deixa de ser o reflexo do que habita em nossa mente, de modo que aproximamos e expelimos pessoas de nosso convívio social conforme as ações que praticamos, "para toda ação há uma reação", nossas ações geram reações naqueles que nos cercam/rodeiam.
Em muitas sociedades a meritocracia deixou de ser ítem indispensável para se ocupar determinados cargos, então, se não há meritocracia para quê se martirizar? O certo seria que todos ocupassem vagas de emprego conforme seus próprios méritos, mas o mundo não funciona assim, hoje o mercado de trabalho funciona mais a dedo, ou o que chamamos de "quem indica". Há muitas pessoas capazes que estão amargando na fila dos desempregados, se martirizando, acreditando que a culpa é delas por seu suposto fracasso. Ora, a culpa, além de nossa, também é do sistema, vivemos num mundo desigual (onde uns tem oportunidades outros não), genocida, exterminador e parte das vezes comandado por psicopatas, de modo que este, por seu instinto frio e assassino, tende a agir mais em prol do extermínio de seu povo que na tentativa de trazer melhorias para o povo que trabalha para pagar o seu salário. Ou seja, esse é mais um problema do sistema a que estamos inseridos que de nós mesmos. O fato é que a culpa de as coisas não caminharem bem precisa recair sobre alguém, por isso recai mais sobre um povo, onde parte das vezes a maioria é analfabeto, que sobre um governo.
Quando o sistema joga a culpa de tudo que acontece de ruim no cidadão de bem ele, automaticamente, se isola do sentimento da culpa, de modo que é mais fácil jogar a culpa no outro que reconhecer que há algo de errado com o eu/meu governo. O individualismo é assim, pois pensamos a todo momento mais no eu/meu que no outro, por isso julgamos mais o outro que o eu/meu. O sentimento da culpa é um verdadeiro fardo a se carregar, pessoas precisam se libertar desse fardo, jogando a culpa no outro o eu se exime do sentimento da culpa e ainda se liberta dessa coisa ruim. É de fato libertadora essa prática e mais fácil de administrar, pois estando libertos da culpa o organismo funciona melhor, tudo funciona melhor, o sistema funciona melhor, já que esse melhor relacionado ao sistema diz respeito aos interesses de quem o administra.
E muitos até mesmo se matam acreditando que certas coisas não deram certo por causa deles, como se eles fossem os únicos culpados, não enxergando a ideologia que está ao seu redor. Para um sistema genocida exterminar a célula será mais importante que fazê-la enxergar, e o sujeito se auto extermina sem ao menos se dar conta da verdade, e você passa toda a sua vida amargando ao acreditar que a culpa foi unicamente sua porque foi aducado a acreditar assim, e o pior, a ideologia conformista nos torna passivos para que aceitemos as coisas como elas são. As pessoas agem como se odiassem umas às outras, e quando elas se odeiam elas não pensam, o ódio toma conta delas a ponto de as cegar, e assim elas brigam umas contra as outras sem se dar conta que a origem do problema está mais na forma como o sistema é administrado que nelas mesmas, mas você se sente culpado porque você não pensa, sente tanto ódio pelo outro e tanto sentimento ruim que chega a adoecer e a não acreditar na verdade, porque a verdade liberta, a mentira aprisiona, muitos vão o querer liberto, outros aprisionado, cabe a cada um de nós escolher por qual porta adentrar.
Falo isso para que muitas pessoas comecem a pensar que pessoas diferentes tem oportunidades de vida/educação/trabalho diferentes, onde a desigualdade social/cultural reina, o ser humano é um animal pensante, por isso o ódio se infiltra tanto nas mais diversas camadas sociais, para que as pessoas se dispersem e deixem de pensar, por isso também se condena tanto pessoas que pensam diferente, porque o pensar diferente pode influenciar pessoas e muitos não querem que seus cordeirinhos sejam influenciados, há pessoas que perdem e que ganham com determinadas ideologias, a libertação de uns pode ser o prejuízo de outros, eis a dicotomia, o perder e o ganhar.
A verdade é uma só dentro desse vasto campo que abrange noções sobre o fracasso e o sucesso, que sempre perderemos e ganharemos, que sempre haverá um que perde e outro que ganha, pois até a morte se tornou objeto de lucro, veja as funerárias, elas lucram quando pessoas perdem a vida.
Portanto, caro leitor, o sentimento de fracasso e/ou culpa que carregas dentro de si talvez seja por algo que tu não sejas de fato culpado, se tu sofres talvez seja melhor repensares a ideologia que segues e/ou os motivos que o fazem sofrer, se de fato vale a pena ou não carregar esse fardo ao longo de toda a vida, o sofrimento é um caminho para o morrer, a libertação para o viver, cada um é o responsável por seu próprio caminho, somente tu tens a chave da tua vida, precisarás escolher que porta abrir e que caminho seguir, boa sorte em sua jornada.
Estou-me a ir, meu pensamento tosco já deu, vou cuidar de outros assuntos, força e forte abraço.
Andréia Franco
14/05/2016.
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ResponderExcluirMuito bom seu texto, Andréia, gostei. Certa vez citei Kipling em um dos trechos de um romance, sobre algo que ilustra esse tema.
ResponderExcluir“Mas é o fantasma de Kipling quem o acalenta por essa noite, aconselhando-o a tratar o sucesso e o fracasso como dois impostores. Não deixa de ser assim, é o que ele pensa. Ninguém é tão bem sucedido quanto supõe ser. Ninguém fracassa tanto quanto aos outros parece.”
http://www.percepolegatto.com.br/2013/01/03/o-aprendiz-de-feiticeiros/
Muito obg pela sábias palavras. Tudo o que me atormentava vc me libertou. Estou muito grato.
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