quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O dia que o homem criou um deus


                Era um dia normal, lá estava o seu criador, o criador de um deus, a espreguiçar-se em sua cadeira, pegou uma caneta, um papel, e começou a criar seres imaginários, tudo parecia ser mágico, mais mágico ainda era a forma com que aquele sujeito expressava seu talento, criatividade e subjetividade. O interessante é que para ser escritor é preciso tão pouco, apenas força de vontade para escrever, é possível se tornar grande com tão pouco.  À medida que o escritor vai delineando cada parágrafo, frase, palavra, torna-se possível trazer à tona valores perdidos, que precisam ser resgatados, bons ou maus:
                - Escritor, cuidado com o que vais ensinar, escuta o que estou a falar!
                Escritor pode ser bicho amaldiçoado, pode escrever o que não deve para ser acreditado. Escritor se alimenta da fé alheia, também alimenta o bolso de quem sobrevive da pregação da palavra de um deus, afinal, o escritor escreve, as editoras imprimem e divulgam, e os ditos pregadores da palavra de um deus difundem tais ensinamentos, muitos não vão acreditar no que estou a dizer, mas é a mais pura verdade, o escritor pode escrever como se uma personagem fosse, como se um deus fosse, daí o fato de dizerem que um deus criou um mundo que, no livro, chamamos de terra da fantasia, na  realidade, chamamos de terra.
                -  Caro leitor, cuidado no que acreditas, podes estares sendo vítima de uma pegadinha de um escritor mal intencionado, pegadinha é coisa pequena pro tal do escritor,  quem conta  um conto aumenta um ponto, é preciso aumentar vários pontos para dar nó à trama que se tem armado, o escritor arma a trama com muito ponto que ele tem aumentado, não é mentira, é faz de conta, um deus ele cria, modela, transforma, é preciso dar voz ao que nunca se tem pensado.
                Dizem que conselho é bom, como escritora, darei o meu:
                - Leitor, selecione o que estares a ler, escritor ama fazer graça, graça para dar graça à sua trama, pegadinha, melodrama, escritor também transforma a desgraça alheia em graça, é preciso ser astuto, desconfie leitor, podes estar sendo vítima de uma pegadinha. É preciso separar a fantasia do mundo real, fantasia é fantasia,  realidade é realidade, é preciso separar para não ser enganado pela pegadinha que o bicho do escritor está a tramar.
Vai leitor, vai ler e estudar, quem sabe um dia você entende o que estou a falar, vai...
Andréia Franco, 08/02/2017