sábado, 21 de maio de 2016

O PREDADOR, A PRESA E A LEOA.

Imagem retirada do site:


          Venho hoje escrever este texto com o intuito lúdico, a fim de trabalhar de maneira diferenciada com três personagens bastante polêmicos em nossa vida em sociedade, que é a figura do predador (ou o lobo malvado, o devorador), a presa (a refém) e a leoa (que trato aqui como a presa que se liberta predador).
         Deixamos claro que o termo “predador” que tratamos aqui diz respeito a um grupo específico de pessoas: o psicopata ou sociopata, pois estes possuem “Transtorno de Personalidade Antissocial”, são frios, calculistas, mentirosos, muitos chegando à categoria de serial-kilers. Já a personagem “presa” é a vítima do predador, que, cansada de sofrer, precisa se metamorfosear em leoa para livrar-se do predador e ter, enfim, sua liberdade. Dentro da sociedade, é possível a inversão dos papéis aqui descritos, onde o homem possa ser vítima de uma predadora mulher, já que a psicopatia atinge ambos os sexos. Neste segundo caso, seria o homem quem teria que se metamorfosear em leão para libertar-se da condição de presa. Também podemos citar as relações homoafetivas, pois muitas acabam em tragédia. Dentre as diversas possibilidades de interpretações, tratamos aqui o homem psicopata como o predador, a mulher como presa, e a leoa como a presa que se liberta das garras do predador.
           O fato é que o homem, na cultura machista, é educado para “agir como homem”. Não haveria problema algum em tal definição, o único problema disso tudo é que a mesma vem sobrecarregada com uma carga semântica bastante intensa por causa da cultura do patriarcado, de modo que o exterior impõe ao homem regras de como ele deve agir e se comportar com o sexo oposto, a mulher. (In)Felizmente, há gerações e gerações, culturas e culturas, pessoas e pessoas, etc., de maneira que cada país tem particularidades mais específicas com relação a outras, isso no quesito social/cultural, de vestimentas, direitos e deveres, etc.
             Vamos entender que o predador, na condição de sujeito “másculo”, tentará obter vantagens sexuais ou não de sua presa, já que ela, enquanto presa, estará em situação de desvantagem. Tal fato nos faz perceber que o indivíduo tende a agir por instinto, como selvagem, o que prova que o universo humano, mais que uma criação ou algo sobrenatural, é repleto de segredos, confidências, impulsos e desejos, sejam eles os mais sombrios ou sórdidos.
               Nossos instintos selvagens gritam alto em nós, como se eclodissem de dentro pra fora, a perversidade mora no bicho homem, uns matam, outros morrem, aí  que mora o perigo, entre o matar e morrer há o existir, se você existe você joga, seja para o bem ou para o mau. A mente do psicopata é auto imune ao sentimento da culpa, por isso o sofrimento alheio o causa prazer, prazer em fazer o outro sofrer. Enquanto uns choram outros sorriem, eis o sentido trágico da vida, entender que a maldade habita a vida humana e que ela corre em nossas veias, já que o vermelho de nosso sangue é o próprio símbolo da perversidade que há em nós.
          A figura do predador surge com esse sentimento oculto que existe dentro dele: a perversidade que pulsa  como se fizesse minar, nascendo aos poucos, com o simples gesto de olhar, com discursos depreciativos, com uma aproximação inusitada, com o aparentar-se bom quando não se é bom, mas o fato é que tudo é relativo, o psicopata sempre vai querer se passar por bom, a ponto de fazer você acreditar que és uma pessoa má e ele o bom, a vítima, entendeu o jogo ou quer que eu desenhe? Ah, o jogo do psicopata nada mais é que uma coisa proposital, ele vai ferindo e machucando sua alma para fazê-la se sentir culpada, como uma verdadeira presa dentro da gaiola, e você chega a se sentir presa dentro de uma gaiola por sentir-se frágil e culpada por tudo que ele a acusa, é uma prisão psicológica, disfarçada de liberdade. O problema da presa é que ela sofre tanto que não se dá conta do jogo do seu parceiro que é fazê-la sofrer, a presa sofre tanto que chega a se sentir sem forças para lutar, para sair da condição de presa, ela se faz de sabida, não gosta de ler, nem entender a psicopatia, por isso ela continua a sofrer, vê o predador se vitimando e continua a cair no jogo dele, que é proposital. 
           O predador precisa e deseja manter domínio sobre a presa, seja ele físico e/ou psicológico, para isso, utiliza as ferramentas que possui, sendo a principal delas o discurso, a fim de convencer a presa de que ele é seu único e melhor amigo, de que todos não gostam dela e estão contra ela, que ela (a presa), enquanto mulher indefesa, precisa do predador para protegê-la, pois, segundo ele, não há mais ninguém no mundo que a queira tão bem quanto ele. Ah, o lobo mau age disfarçado de cordeirinho para se aproximar e envolver a presa em seu teia, de tal modo que ela não consiga mais se libertar. Há pessoas más disfarçadas de boas, eis a nossa frustração.
          O jogo começa e os discursos são lançados sobre a presa, cada vez mais sutis, mas que cortam como uma navalha o ego da presa, a ponto de fazê-la acreditar que ele de fato está certo, que todos estão contra ela e que ele é o único a favor dela. E assim o predador envolve e manipula sua presa, passando a exercer domínio sobre ela, afastando-a de seus amigos e também de sua própria família, o predador não quer que pessoas se aproximem dela, são nada mais que potenciais inimigos que poderão afastar a presa de sua teia, pois assim ela estaria liberta, o predador não a quer liberta, por isso calcula todos os discursos e métodos precisos para mantê-la presa.
            Os discursos sutis, propositais, agressivos, tendenciosos, chegando muitas vezes ao extremo da violência doméstica são calculados com um único propósito: o de fragilizar, manipular e manter a presa sem forças para ela não sair daquela situação. A presa chega até mesmo a acreditar que estaria ficando louca, que ninguém a quer bem, exceto o predador. A presa acorda, tudo parece estar bem, mas não está porque os discursos do predador a machucam cada dia mais, e a presa entra constantemente em estado de depressão, cujo comportamento oscila entre o estar feliz e o estar triste, não que isso não fosse normal, mas que virou coisa corriqueira, do dia a dia, onde as palavras do predador rouba seu sorriso espontâneo, a vontade de amar, bem como sonhos e expectativas de uma vida melhor.
           O predador se diz muito macho, é rústico, opressor, por isso ele oprime a presa. Porém, o predador pensa que a conhece, mas a verdade é que nunca conhecemos totalmente o outro, há segredos não revelados dentro das pessoas, eis o efeito surpresa, a revelação de que tudo pode mudar. A presa muda, cansa de sofrer, já não há espaço em sua vida para o muro das lamentações, a fonte secou, as lágrimas se derramaram que inundaram sua vida a ponto de deixá-la vazia, mas a presa não se faz desistir, ela aprende a não se omitir, transformou sua tristeza em força, como a fênix que renasce de sua própria destruição, e assim a presa renasce, começa sua metamorfose, suas unhas começam mudar, eis o que estou a cantar. A presa de tão presa criou calda para rebater o tapa a quem ousar ferir sua alma, apanhar é nada mais que opção a quem bate no outro sem encostá-lo a mão. A presa não se deixa morrer, ela das cinzas  se fará renascer. A leoa dentro dela está a surgir, o predador começa a se sentir intimidado, eis o que estou a esculpir. A presa de tão presa vai virando leoa, a força brota, surge, emana até mesmo onde não há mais vida, a vida é como a poesia, traz beleza onde  não há mais vida, faz ver flor onde não há amor, ver beleza no mais triste cenário de terror. Em leoa a presa vai se transformando, a metamorfose está dentro de nós, ela precisa vingar, é o encanto mais belo que há.
           A presa cansou de sofrer, ficou rebelde, virou fera, botou o predador pra correr, ameaçou mandá-lo ao camburão, em predador agressivo polícia soca a  mão, o predador ficou intimidado, no fundo, é um pobre coitado, vai amargar em sua própria desgraça. O mal do predador é que ele não dava valor na presa, ela sabendo disso foi pescar, descansar, foi pra praia namorar, fez suas malas, foi viajar.
          Só o que restou ao predador foi a foto da presa, ah, velhos tempos, mulher quando quer se rebelar, escapa de qualquer jeito, os homens que cuidem de suas mulheres, pois o dia que elas virarem a casaca, ah, terás que amarrares tua mula em outro lugar.

Andréia Franco
21/05/2016

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