sexta-feira, 27 de maio de 2016

Deus e o Capeta são amigos ou inimigos?

Créditos da imagem ao link:

          Venho hoje tratar um tema que pode ser bastante polêmico, que é a presença de Deus e do  Diabo, que trataremos aqui como personagens de ficção, já que o que temos sobre eles são relatos descritos das mais diferentes formas, nos mais diferentes livros.
          Em nossa leitura, observemos os seguintes contrastes: o bom X o mau, o claro X o escuro, o branco X o preto, o céu X o inferno, de modo que tal oposição é possíveis graças à forma como o escritor trabalha e manipula o texto literário, pois este se afirma pela presença de elementos que dão vida e movimento ao discurso poético, como a rima, diálogos, personagens, tempo, espaço, imagens, conflitos, etc. Quem fala dentro do texto poético é o narrador ou o personagem, que podem habitar ora o plano fantástico (fabuloso, fantasioso) ora o plano verossímil, o que nos dá certa impressão de realidade. A confusão ocorre porque o escritor é tão sabido a ponto de nos fazer acreditar que tudo que ele escreve é verdade. Porém, é preciso frisar que o compromisso do escritor é com o produto final de seu trabalho: a obra de arte, não com a verdade. Entendamos que neste mundo tudo é relativo, até o conceito de verdade, o que é verdade para o escritor pode não ser para o leitor, perceba como varia, de modo que tal variação torna possível enxergar um mesmo objeto por diferentes ângulos, com diferentes tipos de interpretações.
          Vamos mais fundo, o homem cria, copia, imprime, vende e divulga, pessoas agem por interesses, há interesses por trás da comercialização de determinadas ideologias, pois a voz do capitalismo fala alto, o homem quer lucro, poder e planeja estratégias de dominação/manipulação de massa, serve a seus próprios interesses e/ou de grupos, ele precisa agir para lucrar, e somos usados pra isso, nos usam e nos descartam quando não servimos mais. Pessoas são inteligentes, e muitas de tão inteligentes chegam a ser taxados de loucos, talvez a loucura seja uma virtude neste mundo de iguais.
            Sigamos adiante em nossa análise, o céu e o inferno se torna possível graças à técnica do escritor, que trabalha a palavra a ponto de nos convencer que quem fala é um ser sobrenatural, que esse ser pode habitar e influenciar o mundo real, que o mundo real pode ser influenciado por esses seres que não vemos, não pegamos, mas que somos educados a senti-los e temê-los. Dentro da literatura tudo é possível, até o sobrenatural habitar o mundo real, mas o fato é que acabamos por ter uma dificuldade imensa em separar o real do sonho, pois somos educados a acreditar que o irreal pode morar no mundo real, que pode significar a salvação e/ou o sofrimento eterno de nossa alma, de tão ingênuos acabamos por sofrer ainda em vida, temendo o que nunca vimos, só nos contam, nos relatam, nos fazem temer, porque pessoas medrosas cedem mais fácil a planos de poder e dominação, e enquanto uns temem outros lucram $$$$$$$$ em cima do temor e terror espalhado através da palavra, porque a palavra  torna tudo possível, tudo se dá através da palavra, do orar-dor, do sentimento de culpa e/ou libertação que a palavra transmite, a ponto de nos cegar e/ou nos libertar, mas o problema é que a cegueira gera mais lucro, por isso a proibição a muitas obras de arte em alguns grupos/comunidades, o conhecimento pode significar a libertação, esta pode ser a luz para quem habita a caverna e o problema para quem lucra com a cegueira coletiva.
          Entendamos que Deus e o Capeta representam, (in)diretamente, o amor e o ódio, difundindo a utopia de que o amor sempre vencerá o ódio, o que não é verdade, há casos em que o bem vence, noutras que o mau vence. O fato é que a crença numa vida após a morte alimenta nossos sonhos, bem como desejos mais íntimos e escondidos, como em alguns livros que contam que um homem bom que for para o céu terá sete virgens só para ele, e como os homens costumam pensar com as duas cabeças: a de cima e a de baixo, ele cai no conto de fadas. Ah, alguns livros são, de fato, bastante injustos com as mulheres, pregam cada ladainha, enquanto a ladainha toca ela sofre, é bom pra ele mau pra ela, bom pra ele mau pra ela, até parece coisa feita pelo bicho homem, risos.
           É interessante pensar que a criação do personagem Deus talvez não faria sentido sem seu adversário, o Capeta, pois não haveria o que temer se o inferno não existisse dentro da estória. Imagina se de acordo com o conto todos fossem para o céu, nada temeríamos, todos seriam beneficiados. O inferno precisa existir, pois este nada mais é que o castigo a quem não serve aos planos de Deus, é aí que mora o perigo, temer tanto o desconhecido e não maliciar o bicho homem, pois é ele que nos rodeia, cerca e domina.
           Parece coisa combinada ou proposital, de acordo com a historinha os que não vão ao céu vão ao inferno, e isso nos perturba, pois cada um vai querer o melhor para si, pensar em chegar ao céu é melhor que arder nas profundezas do inferno e, ao tomarmos o irreal como uma probabilidade possível, muitos vão lutar para conquistar o céu e a temer o inferno, bem como os seres que lá habitam. O amor por um e o temor por outro chega a sangrar nossa própria carne, pois estes sentimentos em nossa imaginação habita e faz morada, a ponto de nos aprisionar, como a cegueira que não o deixa enxergar.
            Nossa imaginação criou deuses e demônios, de modo que o medo e a falta de conhecimento deu vida a eles, a loucura virou inimiga daqueles que vivem como iguais, acredito que a loucura nada mais é que uma virtude, por isso incomoda, prende e chama a atenção dos demais. Num mundo de iguais talvez a loucura seja o melhor caminho, pode ser recalque.
            Segundo a minha lógica, Deus e o Capeta devem ser parceiros de serviço, pois tudo que o Deus não quer ele manda pro Capeta dar jeito, até parece trabalho unido, não sei, o que você acha, Deus e o Capeta são amigos ou inimigos?


Andréia Franco
                                                                                                                                                27/05/2016.







Um comentário:

  1. Gostei do Texto. A grande maioria dos humanos distribui o bem e o mau dessa maneira. Porém eu,já não penso assim, sobre Deus e o Diabo, sobre o bem e o mal. Sobre o inferno como castigo e o céu como recompensa. Se você ler "O Céu e o Inferno Segundo o Espiritismo" de Allan Kardec, você terá uma visão quase igual a sua.
    Experimenta! O que o livro fala é hoje a minha visão, sem fanatismo.

    ResponderExcluir

Sejam bem vindos ao meu blog, volte sempre!