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Entendendo de relações humanas e que tudo é relativo, é possível dizer que o próprio termo (in)justiça varia conforme o enunciador/enunciado, já que lidamos com pessoas distintas que veem os diversos fatos de modos distintos.
Queremos acreditar na justiça pelo fato de o mundo ser injusto, cruel e exterminador, pois algumas pessoas se não freadas se põem a cometer os mais diversos crimes, não parando de atormentar a vida alheia caso não sejam impostos limites, pois onde termina o meu direito começa o do outro. O ser humano de fato é um ser espetacular, é articulador, planejador e estratégico, que sabe calcular os passos que vai dar. Porém, somos animais e, como animais, agimos por instinto, há pessoas que desenvolvem mais o seu lado bom e outros que desenvolvem mais seu lado ruim.
O símbolo da justiça é, em si, injusta, porque ela é cega, não vê, se ela não vê como ela vai ser justa? Ora, não há como! A cegueira da justiça é nada mais que o fechar os olhos do nosso sistema a seu próprio povo, para as reais vítimas, para dizer que sempre haverá (in)justiça no mundo, que dentro deste vasto mundo sempre haverá vítimas que padecerão em razão da falta de punição aos culpados.
Vale salientar que o símbolo da justiça é o de uma mulher com olhos vendados, sentada e segurando uma balança. Observemos que se ela está sentada ela está inerte, vendo e ouvindo, mas se fazendo que não vê nem ouve, por isso ela não fala. A balança nada mais é que o símbolo da desigualdade social, a espada da guerra ou batalha cotidiana, para dizer que há diferenças no tratamento entre as pessoas, que elas, por mais justas que sejam, muitas serão caladas, cujos crimes muitos permanecerão impunes, sem resolução ou resposta, porque a justiça é, em seu âmago, injusta, ela quer nos vender a ideia de que há justiça porque este é o seu marketing, mas o termo aqui discutido é a face da própria injustiça, do próprio mau, começando pela desigualdade e diferenças sociais e raciais, o julgamento.
É interessante pensar que tudo parte de um julgamento, de modo que a Corte irá julgar o réu, cuja sentença o dará a condenação/punição ou devolverá sua liberdade, onde ouve-se as partes, a do acusador e a do acusado, para que seja feito um parecer que irá dizer qual está certo e qual está errado. À partir desta noção, percebamos que tudo parte de um julgamento de valor, pessoas quando nos veem nos julgam e atribuem a nós valores, sejam bons ou ruins, quando você lê uma obra de arte você julga o conteúdo ali presente para dizer se gostou ou não, mas entendamos que pessoas diferentes verão as coisas de modos diferentes, assim também é com o que se entende por (in)justiça.
Quando nos julgam por determinadas coisas, muitas que nunca fizemos, nos sentimos como num banco dos réus, onde o acusador começa a dizer coisas contra nós, sejam elas verídicas ou não. Um de nossos males é o fato de não abraçarmos o nosso leão (problema) e resolvê-lo, sempre queremos de alguma forma fugir deles, por isso as pessoas tomam liberdades, porque damos liberdades a elas. Cavaleiro, arme-se, construa em seus medos sua fortaleza e se defenda dos males que assolam sua vida, arme-se como se estivesses a ir para guerra, pois a vida nada mais é que uma batalha onde perdemos e ganhamos, e lidar com a perda não é fácil, nos frustra, magoa e revolta. Tens que lutar para não seres dominado por seus próprios medos e tristezas, acreditar que haverá justiça para todas as injustiças que nos assolam talvez seja mera utopia, tens que ser forte, superar seus medos e seguires adiante, a batalha está para começar e precisas lutar, o céu não é o limite porque não tens asas para voar, pés no chão, paz no coração, sigamos adiante que o amanhã há de chegar, a poesia há de acalmar e consolar seu coração dos sentimentos que o afligem, nade num mar de palavras, as palavras hão de mostrar a melhor porta que tens que passar, entregue-se às palavras e nade por entre elas, elas são doces, acalme-se, esqueça o ódio e um novo amanhã há de chegar.
Uma de nossas tristezas é saber que a injustiça sempre acontecerá, que o mau sempre fará parte de alguma forma de nosso cotidiano, que esse mesmo mau pode nos fortalecer ou nos enfraquecer, pois há momentos que nos sentimos fortes, noutros fracos, que o mundo quer que sejamos fortes não importando a dor que sintamos, o que só mostra que somos humanos, já que a grandeza do homem está justamente nessa contradição, de termos que nos armar para superar nossos medos e deixar certas coisas de lado, como faz a justiça, vendar os olhos para não sofreres com alguns males, para não virarmos doentes que sofrem por qualquer coisa, assim faz a justiça, ela fecha seus olhos para ser forte e se fortalecer, construindo em torno de si uma muralha que poucos hão de ultrapassar, assim tens que fazer, contruires em torno de si uma muralha para que ela o fortaleça e o torne um sujeito forte, vitorioso, lutando contra seus próprios medos e males.
Tens que se armar nobre guerreiro, o amanhã há de chegar, o sol está para nascer e o mundo é seu caminho, por entre pedras e espinhos, terás que sobreviver, seja como a fênix, renasça de seus próprios medos e frustrações, seja alguém melhor, sua história é um caminho que só você há de trilhar, não adianta fechar os olhos, se assim fizeres seus próprios males lhe baterão um dia à sua porta, terás que prestares conta consigo mesmo do que fizeres, sua consciência será um dia seu juiz, a nobreza lhe espera, mas nobreza não é coisa de realeza, engana-se quem isso pensa, a nobreza está nos pequenos gestos, está dentro de cada um de nós, por isso, coloque seu escudo nobre cavalheiro, vista seu traje para a vida seguir, o destino o espera, eis o que estou a esculpir, não se deixe abater, abata seus próprios medos, não estou a mentir.
Cavaleiro, estou a me despedir, obrigada por sua visita, vá o seu caminho seguir, a batalha tens que vencer, terás que aprenderes a perder e a ganhar, escute o que estou a dizer. Vai cavaleiro, que a paz o acompanhe, a jornada é longa, a noite está para chegar, tens que descansar para teres energia para lutar, vai-te.
Andréia Franco
05/05/2016.
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