sábado, 28 de maio de 2016

O DISFARCE DO ALÉM

Créditos da Imagem ao site:



          Definimos como além personagens de ficção criados pelo bicho homem que, por sermos ingênuos, em razão de termos pouco hábito de leitura, nos pregam o conto do vigário a ponto de nos fazerem acreditar que seres imaginários de fato existem no mundo real, que podem ora nos castigar ora nos salvar, de modo que o disfarce dessa figura se dá pela propagação de sua imagem como cordeirinho, que cuida e protege seu rebanho, quando na verdade há terceiros que usam tais ideologias para lucrar, dominar e escravizar pessoas.
           Quando digo que "a falta de informação favorece o ladrão" o ditado é certo, de modo que a falta de leitura e conhecimento favorece que sejamos enganados por trambiqueiros, que defino aqui por pessoas que querem se aproveitar da humildade e simplicidade alheia para se favorecer e ganhar, uns perdem e outros ganham, e ganham milhões $$$$$$, poucos ficam cada vez mais ricos e muitos cada vez mais pobres.
         O disfarce ocorre quando atos bárbaros praticados contra a humanidade são disseminados enquanto profecias, bem como empreendimentos para se conquistar a "paz", de modo que essa suposta "paz" torna-se motivo para discriminar, matar, estuprar, etc., ah, dizem que a guerra é necessária para se conquistar a "paz", mas será que essa "paz" é para todos ou só para alguns? Não dá para entender essa "paz" tão disseminada, tão propagada que, no fundo, nada mais é que motivo para cometer atrocidades contra a vida humana, tudo em nome da "paz", o bicho homem arruma desculpa para tudo, a dita "paz" é um motivo, eis o disfarce, fazer-se de bom quando não se é bom, a ponto de quererem nos convencer que a própria barbárie é uma coisa boa, e pessoas alienadas chegam a acreditar nisso, pois é mais fácil acreditar que pensar ou ler um livro.
           Entendamos que a palavra paz é um conceito que varia de significado e sentido, pois pessoas diferentes veem as coisas de modos diferentes, a ponto de distorcer conceitos como motivo para fazer pessoas matarem uns aos outros, enquanto uns se matam outros ganham, eis o motivo maior para a guerra, lucrar em cima da morte alheia, reduzir a população mundial e ainda sair ileso, pois uns vão para a guerra e outros só comandam, sem possibilidade de serem atingidos. Tudo se transformou em lucro, até a própria morte, pra isso existem as funerárias.
          Enfim, nos rebaixaram à condição de coisa, por isso se mata tanto por tão pouco, por isso talvez o pouco seja muito, e o muito seja pouco, não sei, o que acha?


Andréia Franco
28/05/2016.

POR QUÊ CULPAR O ALÉM?




            Para tratarmos o tema de hoje precisamos nos calçar no fato de que o ser humano, além de esperto, é ingênuo, de modo que acreditamos em pessoas porque precisamos conviver em sociedade e aprender a confiar nelas, eis o risco, acreditar demais no que os outros dizem/pregam e tomar o inverídico como verdade.    
           A culpa é um verdadeiro fardo a se carregar, tanto que muitos sofrem a ponto de se suicidarem, o sofrimento em vida nada mais é que o auto flagelo, e é fato que ir atrás dos verdadeiros culpados de determinadas coisas/crimes causaria perturbações e diminuiria lucros, pois ideologias geram dinheiro, dinheiro gera interesses, eis a troca, pregar ideologias, falsas ou não, por dinheiro, poder e status social.
          Numa Corte, o réu é julgado, cujo martelo do juiz definirá o futuro do réu enquanto culpado ou inocente. Porém, quando nos auto crucificamos com sentimentos ruins que fazem sofrer e machucar nossa alma, somos nós os juízes, julgadores de nós mesmos, que crucifica a si mesmo e pior, chega a sofrer por longos anos, alguns por toda a vida, por não conseguirem se auto libertar do sentimento da culpa.
          O sentimento da culpa nos pega porque somos frágeis, pois este significa o lado negro de nossa alma, uma escuridão, uma ferida que machuca e faz sofrer. Carregar a culpa é como a condenação, já livrar-se dela é libertação. O sentimento da culpa é como a cruz, você a carrega sem a ver, sofre sem se dar conta e a sente pesada, muito pesada conforme caminhas, e ela vai ficando mais pesada porque é um peso que habita nossos pensamentos, sentimentos e traumas mais íntimos, como o medo, o peso dela varia conforme a força que você dá a ela, quanto mais fraco psicologicamente você estiver, mais mais grandioso será o tamanho do seu medo e mais pesada será sua cruz (sentimento da culpa).
          Culpar o além é um ato libertador, dá liberdades a pessoas cometerem as mais diversas barbaridades contra a humanidade e dizer, mais na frente, que a culpa foi do além, porque estava possuído pelo além, que o além tudo permite cometer em nome dele, que só ele é capaz de salvar e condenar. Dizem que o além assim escreveu, que tudo poderia ser feito/cometido/permitido  em nome do além, como matar, roubar, assassinar, estuprar, etc. Segundo contam, o além pregou que deveria ser assim, que assim é, que tudo vai melhorar, que o além vai melhorar e tudo vai se resolver, eis o consolo, se dizer liberto para cometer atrocidades contra a vida alheia e se dizer  salvo e bom, já que tudo pode ser justificado, pois justificam tudo em nome do além.
          O ser humano pode ser igualado à categoria de bicho, porque ele quer liberdades para roubar, matar, estuprar, etc., e, para se dizer bom, ele diz que o além permite tudo, porque ele quer se auto permitir a cometer essas barbaridades e para isso ele arruma desculpas, a desculpa do além é a melhor de todas, ele faz tudo isso e ainda se passa por bom, por isso ele usa a desculpa do além.
          As pessoas são doutrinadas pela ideologia do além, elas caem no conto do vigário porque são ingênuas e a maioria analfabeta, a maioria fica em casa assistindo televisão e não saem do seu confortável sofá, é mais fácil acreditar que o além vai mudar alguma coisa que ir trabalhar, estudar, fazer uma faculdade e sair da sua zona de conforto, eis o problema, não saem da sua caverna confiando que o além irá melhorar e mudar as coisas, e assim muitos morrem esperando pelo além, e esse além nunca chega, só se ouviu falar, pelo menos é o que contam.
          Venho através deste texto pedir às pessoas para deixarem o além de lado e irem tomar partido sobre sua vida, nosso tempo é algo precioso, deve ser usado para coisas de fato úteis. O conto do além nada mais é que uma fábula que gera lucros, muitos lucros, onde poucos ganham e muitos perdem. O tempo passa, oportunidades passam, um dia ficarás velho, ninguém fará nada por você se você não se auto ajudar. O momento ideal de agir é o agora, se preparar para o dia de amanhã, pois beleza e saúde um dia acaba, o  que o dará um futuro melhor são suas atitudes, não o além.
           Sendo assim, já ficou mais que provado que o além não te cura quando estás doente, tens que ires ao médico, não te salva de uma tempestade, tens que se abrigar e sair da zona de risco, não te salva de um acidente de trânsito, tens que dirigir e ter cuidado ao volante,  etc., por isso, deixe o além de lado e vá cuidar de tua vida, é o melhor que tens a fazer.
           Enfim, culpar o além evita que verdadeiros culpados por determinadas tragédias sejam responsabilizados por seus crimes, que fiquem e continuem imunes, se fazendo de vítimas (pois é isso que eles dizem que são: vítimas, não importando a crueldade de seus crimes e/ou atos cometidos), com licença para continuarem agindo, fazendo "justiça" com suas próprias mãos.
           Até mais e muito obrigada por sua visita.

Andréia Franco
28/05/2016.









sexta-feira, 27 de maio de 2016

Deus e o Capeta são amigos ou inimigos?

Créditos da imagem ao link:

          Venho hoje tratar um tema que pode ser bastante polêmico, que é a presença de Deus e do  Diabo, que trataremos aqui como personagens de ficção, já que o que temos sobre eles são relatos descritos das mais diferentes formas, nos mais diferentes livros.
          Em nossa leitura, observemos os seguintes contrastes: o bom X o mau, o claro X o escuro, o branco X o preto, o céu X o inferno, de modo que tal oposição é possíveis graças à forma como o escritor trabalha e manipula o texto literário, pois este se afirma pela presença de elementos que dão vida e movimento ao discurso poético, como a rima, diálogos, personagens, tempo, espaço, imagens, conflitos, etc. Quem fala dentro do texto poético é o narrador ou o personagem, que podem habitar ora o plano fantástico (fabuloso, fantasioso) ora o plano verossímil, o que nos dá certa impressão de realidade. A confusão ocorre porque o escritor é tão sabido a ponto de nos fazer acreditar que tudo que ele escreve é verdade. Porém, é preciso frisar que o compromisso do escritor é com o produto final de seu trabalho: a obra de arte, não com a verdade. Entendamos que neste mundo tudo é relativo, até o conceito de verdade, o que é verdade para o escritor pode não ser para o leitor, perceba como varia, de modo que tal variação torna possível enxergar um mesmo objeto por diferentes ângulos, com diferentes tipos de interpretações.
          Vamos mais fundo, o homem cria, copia, imprime, vende e divulga, pessoas agem por interesses, há interesses por trás da comercialização de determinadas ideologias, pois a voz do capitalismo fala alto, o homem quer lucro, poder e planeja estratégias de dominação/manipulação de massa, serve a seus próprios interesses e/ou de grupos, ele precisa agir para lucrar, e somos usados pra isso, nos usam e nos descartam quando não servimos mais. Pessoas são inteligentes, e muitas de tão inteligentes chegam a ser taxados de loucos, talvez a loucura seja uma virtude neste mundo de iguais.
            Sigamos adiante em nossa análise, o céu e o inferno se torna possível graças à técnica do escritor, que trabalha a palavra a ponto de nos convencer que quem fala é um ser sobrenatural, que esse ser pode habitar e influenciar o mundo real, que o mundo real pode ser influenciado por esses seres que não vemos, não pegamos, mas que somos educados a senti-los e temê-los. Dentro da literatura tudo é possível, até o sobrenatural habitar o mundo real, mas o fato é que acabamos por ter uma dificuldade imensa em separar o real do sonho, pois somos educados a acreditar que o irreal pode morar no mundo real, que pode significar a salvação e/ou o sofrimento eterno de nossa alma, de tão ingênuos acabamos por sofrer ainda em vida, temendo o que nunca vimos, só nos contam, nos relatam, nos fazem temer, porque pessoas medrosas cedem mais fácil a planos de poder e dominação, e enquanto uns temem outros lucram $$$$$$$$ em cima do temor e terror espalhado através da palavra, porque a palavra  torna tudo possível, tudo se dá através da palavra, do orar-dor, do sentimento de culpa e/ou libertação que a palavra transmite, a ponto de nos cegar e/ou nos libertar, mas o problema é que a cegueira gera mais lucro, por isso a proibição a muitas obras de arte em alguns grupos/comunidades, o conhecimento pode significar a libertação, esta pode ser a luz para quem habita a caverna e o problema para quem lucra com a cegueira coletiva.
          Entendamos que Deus e o Capeta representam, (in)diretamente, o amor e o ódio, difundindo a utopia de que o amor sempre vencerá o ódio, o que não é verdade, há casos em que o bem vence, noutras que o mau vence. O fato é que a crença numa vida após a morte alimenta nossos sonhos, bem como desejos mais íntimos e escondidos, como em alguns livros que contam que um homem bom que for para o céu terá sete virgens só para ele, e como os homens costumam pensar com as duas cabeças: a de cima e a de baixo, ele cai no conto de fadas. Ah, alguns livros são, de fato, bastante injustos com as mulheres, pregam cada ladainha, enquanto a ladainha toca ela sofre, é bom pra ele mau pra ela, bom pra ele mau pra ela, até parece coisa feita pelo bicho homem, risos.
           É interessante pensar que a criação do personagem Deus talvez não faria sentido sem seu adversário, o Capeta, pois não haveria o que temer se o inferno não existisse dentro da estória. Imagina se de acordo com o conto todos fossem para o céu, nada temeríamos, todos seriam beneficiados. O inferno precisa existir, pois este nada mais é que o castigo a quem não serve aos planos de Deus, é aí que mora o perigo, temer tanto o desconhecido e não maliciar o bicho homem, pois é ele que nos rodeia, cerca e domina.
           Parece coisa combinada ou proposital, de acordo com a historinha os que não vão ao céu vão ao inferno, e isso nos perturba, pois cada um vai querer o melhor para si, pensar em chegar ao céu é melhor que arder nas profundezas do inferno e, ao tomarmos o irreal como uma probabilidade possível, muitos vão lutar para conquistar o céu e a temer o inferno, bem como os seres que lá habitam. O amor por um e o temor por outro chega a sangrar nossa própria carne, pois estes sentimentos em nossa imaginação habita e faz morada, a ponto de nos aprisionar, como a cegueira que não o deixa enxergar.
            Nossa imaginação criou deuses e demônios, de modo que o medo e a falta de conhecimento deu vida a eles, a loucura virou inimiga daqueles que vivem como iguais, acredito que a loucura nada mais é que uma virtude, por isso incomoda, prende e chama a atenção dos demais. Num mundo de iguais talvez a loucura seja o melhor caminho, pode ser recalque.
            Segundo a minha lógica, Deus e o Capeta devem ser parceiros de serviço, pois tudo que o Deus não quer ele manda pro Capeta dar jeito, até parece trabalho unido, não sei, o que você acha, Deus e o Capeta são amigos ou inimigos?


Andréia Franco
                                                                                                                                                27/05/2016.







terça-feira, 24 de maio de 2016

O INFERNO É AQUI NA TERRA MESMO

Créditos da imagem ao site: 




            A vida humana de fato é interessante, de modo que, conforme amadurecemos, mudamos nossa forma de ver e enxergar o mundo.
            Um fato curioso é que nossa imaginação nos proporciona os mais diversos passeios e viagens, como num sonho, considerando que nossa mente cria, bem como desenvolve sentimentos de amor, ódio, raiva, tristeza, etc., por tais seres, e vou mais longe, chegamos a temê-los, como é o caso do capeta, ser imaginário que dizem que vive no inferno, ah, muitos temem o capeta, mas eu não temo não, meu medo mesmo é do bicho homem.
           Percebamos que o capeta, segundo descrições famosas, além de ser parecido com o bicho homem, ainda é tão malvado quanto. Segundo contam, o capeta é o mais malvado de todos os seres que já se ouviu falar, coincidentemente, o bicho homem é do mesmo jeito: traiçoeiro, assassino, interesseiro, sugador da energia alheia, etc., ah, temer o capeta e não se proteger do bicho homem de nada vale, quem te cerca na esquina e inferniza sua vida está na terra mesmo, pode comer à tua casa, sentar à tua mesa, porque o inimigo mora ao lado, não em outros planetas.
            Dizem que o inferno é um lugar ruim, mas a verdade é que até hoje ninguém voltou de lá para me contar como é que é, risos. Alguns comentam que no inferno é muito quente, por coincidência, aqui onde moro anda fazendo tanto calor que me faz pensar que o inferno é na terra mesmo, que não precisamos ir muito longe para conhecer o inferno. Veja o nossa desgraça, na terra uns morrem de calor outros de frio, em muitos lugares tem muita água, noutros falta, isso não é tragédia? Eis a nossa amarga vida real, onde padecemos ainda em vida.  Pior, quem não morre matado morre por alguma doença, ninguém está livre da morte, mas muitos a temem. Isso na minha linguagem se chama sofrimento antecipado, não vejo motivos para se temer a morte, ainda mais quando se está saudável, quem não morre de um jeito morre de outro, é fato.
            As pessoas acabam por temer tanto o inferno que se esquecem que quem nos infernizam de verdade são as pessoas que convivemos todos os dias, a ponto de desgraçarem nossas vidas em algumas situações. É uma grande decepção, temer um amiguinho imaginário e ter a vida perturbada pelo bicho homem. Muitos temem o inferno porque dizem que lá tem muitas pessoas sendo sacrificadas, ah, pra isso existir não é preciso viajar até o inferno, volta pra terra amigo, vai estudar história, o inferno é aqui mesmo, é por isso que existem grupos terroristas, pra nos deixar amedrontados, famintos, com raiva, e o pior, pra matar quem ele pensa que deve matar.
            É de fato muito ingênuo temer o que nunca se viu pessoalmente, só se ouviu falar. Ah, as pessoas pensam, imaginam, falam, descrevem e escrevem tantas coisas, precisamos ter cuidado em quem/no que acreditar, há alguns que falam verdades, outros mentem, mentem a ponto de o nariz crescer, e mentem tão descaradamente que chegam a nos taxar de burros, ah, o burro fica enciumado quando um humano é chamado de burro, ele sente como se estivessem roubando a identidade dele. Identidade é coisa pra se orgulhar, burro se orgulha em ser burro, eis a verdade, ele se faz de cego por não querer enxergar.
            Em razão de tudo que foi discutido, convido-os a aterrissar no planeta terra e a viver de realidade,  a deixar um pouco os seres imaginários de lado e a temer as criaturas que nos assombram aqui na terra mesmo, como o bicho homem e as demais espécies.
   

Andréia Franco
24/05/2016

segunda-feira, 23 de maio de 2016

MEMÓRIAS KILLERS

Créditos da imagem ao site:



           A temática de hoje visa debater que o acúmulo de memórias killers em nosso subconsciente nada mais é que o primeiro passo para o morrer ainda em vida, bem como alertar para seu risco e perigo.
              O termo “killer” significa assassina, de modo que memórias assassinas consistem em lembranças ruins que matam a autoestima, alegria, sorrisos e tudo de bom que uma pessoa tenha dentro de si, como se ela, ao perder suas razões de viver, sofresse tanto a ponto de desejar a própria morte.
             O sofrimento decorrido da memória killer acontece porque, ao longo de nossas vidas, passamos por traumas e situações que ficam gravadas em nosso subconsciente que, não expulsas de lá, nos torturam e fazem sofrer. A memória killer se afirma por causar no paciente um sofrimento contínuo, que persiste, chegando a torná-lo inapto para o trabalho, estudos, etc. Tal sentimento se afirma numa ação silenciosa que martiriza o sujeito, dia a dia, como se o dia perdesse a luz, o mundo perdesse a cor, o sorriso perdesse o brilho, etc., dando margem a uma onda de nuvem nebulosa que avança, tornando sua vida escura, resumidamente, sem vida.
             Essa nuvem, ela vem e volta, vem e volta, por isso sua dor não acaba, ela não vai embora de vez, porque rememorar tudo que o fez sofrer faz sua dor persistir, faz essa onda nebulosa voltar de novo e deixar seu mundo escuro, sua vida escura, tudo escuro, e tudo fica escuro porque você sofre, mas é um sofrimento só seu, que habita sua alma, as pessoas quando nos olham não enxergam nossa alma, mas nosso corpo, por isso elas não percebem o sofrimento e dores internas que carregam as pessoas.
              O homem moderno sofre porque as pessoas vivem como se fossem assustadas umas com as outras, não conversam ou dialogam e se expelem como se inimigos fossem, e isso não é culpa nossa, pois tragédias dos vários cantos e lugares do mundo assombram a vida em sociedade, causadas pelo bicho homem, o bicho mais perverso que já se ouviu falar, e as pessoas acabam por viverem assustadas, aprendem a não confiar nas demais porque o inimigo, parte das vezes, não mora longe, mas ao lado, beira nossa casa e nossa vida. Não sabendo em quem confiar, a desconfiança e o isolamento reina, impera de tal forma que o indivíduo passa a sofrer em razão de seu próprio isolamento e, assim, a sofrer calado, sem dividir nem conversar com outras pessoas as razões de tamanha tristeza, e muitos sofrem tanto que se suicidam para dar fim ao sofrimento que tanto os martiriza.
             De certo modo, as relações virtuais contribuem para isso, pois a felicidade e o amor se tornaram uma coisa fingida, as pessoas fingem serem felizes e que amam umas às outras, o mundo virtual é um mundo de fantasia, o real nisso tudo são os efeitos desses excessos em nossa vida cotidiana, pois as pessoas, por se isolarem, sofrem e, por sofrerem, acabam por definhar em sua própria amargura. Para enxergarmos isso não precisamos ir muito longe, só perceber o número de pessoas que sofrem de depressão e transtornos psiquiátricos decorrentes, em parte, desse excesso de isolamento e de temor ao diferente, já que o medo é o pior aliado do sucesso, pessoas deixam muitas oportunidades em suas vidas passar pelo excesso de medo, virando um sofrimento contínuo onde elas sofrem pelo sentimento do medo e por não terem trilhado outros caminhos.
           Uma das soluções propostas por psiquiatras, psicanalistas, terapeutas, e outros estudiosos da área seria o acompanhamento profissional, bem como o apoio da família, amigos, etc., como também a prática de yoga, exercícios físicos e uma alimentação que possam estimular o corpo humano a reagir e se auto superar. Porém, o individualismo está tão internalizado na cultura moderna que vivemos no mundo do cada um por si, de modo que um de nossos maiores desafios é sobreviver a este turbilhão de emoções e sentimentos reprimidos que, se não dominarmos, eles nos dominam a ponto de nos matar em vida.
           Enfim, se não matares a sua cobra (sentimentos reprimidos que o fazem sofrer), ela o fará padecer em vida, enquanto tiveres vida, mate a sua cobra antes que ela o mate.

Andréia Franco
23/05/2016.

sábado, 21 de maio de 2016

O PREDADOR, A PRESA E A LEOA.

Imagem retirada do site:


          Venho hoje escrever este texto com o intuito lúdico, a fim de trabalhar de maneira diferenciada com três personagens bastante polêmicos em nossa vida em sociedade, que é a figura do predador (ou o lobo malvado, o devorador), a presa (a refém) e a leoa (que trato aqui como a presa que se liberta predador).
         Deixamos claro que o termo “predador” que tratamos aqui diz respeito a um grupo específico de pessoas: o psicopata ou sociopata, pois estes possuem “Transtorno de Personalidade Antissocial”, são frios, calculistas, mentirosos, muitos chegando à categoria de serial-kilers. Já a personagem “presa” é a vítima do predador, que, cansada de sofrer, precisa se metamorfosear em leoa para livrar-se do predador e ter, enfim, sua liberdade. Dentro da sociedade, é possível a inversão dos papéis aqui descritos, onde o homem possa ser vítima de uma predadora mulher, já que a psicopatia atinge ambos os sexos. Neste segundo caso, seria o homem quem teria que se metamorfosear em leão para libertar-se da condição de presa. Também podemos citar as relações homoafetivas, pois muitas acabam em tragédia. Dentre as diversas possibilidades de interpretações, tratamos aqui o homem psicopata como o predador, a mulher como presa, e a leoa como a presa que se liberta das garras do predador.
           O fato é que o homem, na cultura machista, é educado para “agir como homem”. Não haveria problema algum em tal definição, o único problema disso tudo é que a mesma vem sobrecarregada com uma carga semântica bastante intensa por causa da cultura do patriarcado, de modo que o exterior impõe ao homem regras de como ele deve agir e se comportar com o sexo oposto, a mulher. (In)Felizmente, há gerações e gerações, culturas e culturas, pessoas e pessoas, etc., de maneira que cada país tem particularidades mais específicas com relação a outras, isso no quesito social/cultural, de vestimentas, direitos e deveres, etc.
             Vamos entender que o predador, na condição de sujeito “másculo”, tentará obter vantagens sexuais ou não de sua presa, já que ela, enquanto presa, estará em situação de desvantagem. Tal fato nos faz perceber que o indivíduo tende a agir por instinto, como selvagem, o que prova que o universo humano, mais que uma criação ou algo sobrenatural, é repleto de segredos, confidências, impulsos e desejos, sejam eles os mais sombrios ou sórdidos.
               Nossos instintos selvagens gritam alto em nós, como se eclodissem de dentro pra fora, a perversidade mora no bicho homem, uns matam, outros morrem, aí  que mora o perigo, entre o matar e morrer há o existir, se você existe você joga, seja para o bem ou para o mau. A mente do psicopata é auto imune ao sentimento da culpa, por isso o sofrimento alheio o causa prazer, prazer em fazer o outro sofrer. Enquanto uns choram outros sorriem, eis o sentido trágico da vida, entender que a maldade habita a vida humana e que ela corre em nossas veias, já que o vermelho de nosso sangue é o próprio símbolo da perversidade que há em nós.
          A figura do predador surge com esse sentimento oculto que existe dentro dele: a perversidade que pulsa  como se fizesse minar, nascendo aos poucos, com o simples gesto de olhar, com discursos depreciativos, com uma aproximação inusitada, com o aparentar-se bom quando não se é bom, mas o fato é que tudo é relativo, o psicopata sempre vai querer se passar por bom, a ponto de fazer você acreditar que és uma pessoa má e ele o bom, a vítima, entendeu o jogo ou quer que eu desenhe? Ah, o jogo do psicopata nada mais é que uma coisa proposital, ele vai ferindo e machucando sua alma para fazê-la se sentir culpada, como uma verdadeira presa dentro da gaiola, e você chega a se sentir presa dentro de uma gaiola por sentir-se frágil e culpada por tudo que ele a acusa, é uma prisão psicológica, disfarçada de liberdade. O problema da presa é que ela sofre tanto que não se dá conta do jogo do seu parceiro que é fazê-la sofrer, a presa sofre tanto que chega a se sentir sem forças para lutar, para sair da condição de presa, ela se faz de sabida, não gosta de ler, nem entender a psicopatia, por isso ela continua a sofrer, vê o predador se vitimando e continua a cair no jogo dele, que é proposital. 
           O predador precisa e deseja manter domínio sobre a presa, seja ele físico e/ou psicológico, para isso, utiliza as ferramentas que possui, sendo a principal delas o discurso, a fim de convencer a presa de que ele é seu único e melhor amigo, de que todos não gostam dela e estão contra ela, que ela (a presa), enquanto mulher indefesa, precisa do predador para protegê-la, pois, segundo ele, não há mais ninguém no mundo que a queira tão bem quanto ele. Ah, o lobo mau age disfarçado de cordeirinho para se aproximar e envolver a presa em seu teia, de tal modo que ela não consiga mais se libertar. Há pessoas más disfarçadas de boas, eis a nossa frustração.
          O jogo começa e os discursos são lançados sobre a presa, cada vez mais sutis, mas que cortam como uma navalha o ego da presa, a ponto de fazê-la acreditar que ele de fato está certo, que todos estão contra ela e que ele é o único a favor dela. E assim o predador envolve e manipula sua presa, passando a exercer domínio sobre ela, afastando-a de seus amigos e também de sua própria família, o predador não quer que pessoas se aproximem dela, são nada mais que potenciais inimigos que poderão afastar a presa de sua teia, pois assim ela estaria liberta, o predador não a quer liberta, por isso calcula todos os discursos e métodos precisos para mantê-la presa.
            Os discursos sutis, propositais, agressivos, tendenciosos, chegando muitas vezes ao extremo da violência doméstica são calculados com um único propósito: o de fragilizar, manipular e manter a presa sem forças para ela não sair daquela situação. A presa chega até mesmo a acreditar que estaria ficando louca, que ninguém a quer bem, exceto o predador. A presa acorda, tudo parece estar bem, mas não está porque os discursos do predador a machucam cada dia mais, e a presa entra constantemente em estado de depressão, cujo comportamento oscila entre o estar feliz e o estar triste, não que isso não fosse normal, mas que virou coisa corriqueira, do dia a dia, onde as palavras do predador rouba seu sorriso espontâneo, a vontade de amar, bem como sonhos e expectativas de uma vida melhor.
           O predador se diz muito macho, é rústico, opressor, por isso ele oprime a presa. Porém, o predador pensa que a conhece, mas a verdade é que nunca conhecemos totalmente o outro, há segredos não revelados dentro das pessoas, eis o efeito surpresa, a revelação de que tudo pode mudar. A presa muda, cansa de sofrer, já não há espaço em sua vida para o muro das lamentações, a fonte secou, as lágrimas se derramaram que inundaram sua vida a ponto de deixá-la vazia, mas a presa não se faz desistir, ela aprende a não se omitir, transformou sua tristeza em força, como a fênix que renasce de sua própria destruição, e assim a presa renasce, começa sua metamorfose, suas unhas começam mudar, eis o que estou a cantar. A presa de tão presa criou calda para rebater o tapa a quem ousar ferir sua alma, apanhar é nada mais que opção a quem bate no outro sem encostá-lo a mão. A presa não se deixa morrer, ela das cinzas  se fará renascer. A leoa dentro dela está a surgir, o predador começa a se sentir intimidado, eis o que estou a esculpir. A presa de tão presa vai virando leoa, a força brota, surge, emana até mesmo onde não há mais vida, a vida é como a poesia, traz beleza onde  não há mais vida, faz ver flor onde não há amor, ver beleza no mais triste cenário de terror. Em leoa a presa vai se transformando, a metamorfose está dentro de nós, ela precisa vingar, é o encanto mais belo que há.
           A presa cansou de sofrer, ficou rebelde, virou fera, botou o predador pra correr, ameaçou mandá-lo ao camburão, em predador agressivo polícia soca a  mão, o predador ficou intimidado, no fundo, é um pobre coitado, vai amargar em sua própria desgraça. O mal do predador é que ele não dava valor na presa, ela sabendo disso foi pescar, descansar, foi pra praia namorar, fez suas malas, foi viajar.
          Só o que restou ao predador foi a foto da presa, ah, velhos tempos, mulher quando quer se rebelar, escapa de qualquer jeito, os homens que cuidem de suas mulheres, pois o dia que elas virarem a casaca, ah, terás que amarrares tua mula em outro lugar.

Andréia Franco
21/05/2016

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Utopia e doutrinação

                                                                  Créditos da imagem a:

          
O ser humano, antes de qualquer coisa, é um ser pensante, por isso ele cria, de tal modo que podemos criar as mais diversas histórias, verossímeis ou surreais, mas que sempre nos acompanham ao longo de nossas vidas porque o discurso estético contagia e influencia pessoas, temos necessidade de ficção e, sabendo disso, o homem usa a ficção conforme seus interesses.
Recorrer ao discurso literário se afirma por nossa necessidade de fantasia. Porém, a vida do bicho homem gira em torno de interesses, é aí que mora o perigo, onde desviam o papel da literatura como arte por sua finalidade em si mesma para distorcer conceitos, discursos e valores morais/sociais para doutrinar pessoas, bem como lucrar com isso.
Recorre-se tanto a literatura para a doutrinação por causa do que chamamos de verossimilhança com o real, bem como a descrição de palavras singelas que, por sua vez, emociona e transmite uma noção de verdade, a ponto de acreditarmos que tudo que está ali de fato aconteceu, pois confundimos a verdade do texto literário (sobre os fatos narrados na estória) com a verdade do mundo real (do dia a dia). Certo momento, ficção e realidade se fundem e confundem, tal confusão nos faz imaginar que seres imaginários possam de fato existir e assombrar nosso cotidiano, pois os fatos descritos pelo narrador/personagem são tão convincentes que chegam a nos fazer acreditar que lobisomem, fantasmas, deuses imaginários, etc., podem habitar e nos vigiar no plano real, pelo simples fato de a ficção ser assim, porque quem conta a estória, o narrador/personagem, se afirma numa testemunha ocular de que aquilo de fato aconteceu.
Uma das verdades disso tudo é que o fato de sermos, na maioria das vezes, ledores e não leitores, bem como preguiçosos para estudar teoria da narrativa e outras linhas de pesquisa permite que continuemos a persistir no erro, uma vez que o pior cego é aquele que não quer ver. A cegueira é algo que contagia, que pega de uma pessoa pra outra, que por isso ela pode ser financeiramente rentável, pessoas cegas agem na ilusão, sem usar a razão, a cegueira aprisiona pessoas, faz elas construírem muralhas e barreiras que as impedem de dialogar com o mundo.
Na ficção tudo é  possível, ela agrada até o mais leigo dos leitores, nos entregamos à ficção porque nos encantamos com ela, mas como? É tão parecido com o real que chega a confundir, não sei, como pode isso? Vamos entender, o ser humano tem sentidos, ele fala, chora, sorri, sofre, batalha, é traidor, etc., o texto ficcional nos dá a impressão de realidade justamente pelos personagens serem parecidos com a raça humana, onde o papagaio pode pensar e falar, a zebra cantar e dançar, etc, tudo é possível no mundo ficcional, é só deixar a imaginação fluir. Não acredita? Sente, escreva e crie seus próprios personagens, atribua-os características humanas para arrancar sorrisos e lágrimas do seu leitor, assim as obras de arte são criadas. Uma paisagem sem personagens falantes pouco atrairia nossa atenção, seria como uma paisagem morta, é preciso dar vida ao sonho, atribuir aos personagens a capacidade de falar, se comunicar, pensar, emocionar, etc., por isso nos atrai tanto.
No texto ficcional o autor, disfarçado de narrador/personagem, chega a ser tão persuasivo a ponto de nos fazer acreditar que aquilo que está na obra de fato aconteceu, acabamos por nos envolver e se entregar aos encantos das palavras ali contidas, pois pregam noções do bem falar e do bem viver. É aí que mora o perigo, pois as pessoas agem conforme seus próprios interesses e, assim como pessoas nos dizem coisas tendenciosas no dia a dia, elas também escrevem, chegando a favorecer mais um determinado grupo que a outro como, por exemplo, mais ao homem que à mulher.
Deveriam ser impostos limites, mas o fato é que a literatura faz com que tudo se torne possível, momento este que o bicho homem se aproveita para agir em detrimento de sua necessidade de poder, pregando o ódio contra o diferente, alimentando o preconceito contra todos que não aceitem tal ideologia, como se fossem bichos animalizados que precisam ser adestrados. E assim o perigo em se pregar tais ideologias reina no mundo real, onde uns caçam/gritam/discriminam aos outros, se separando como água e óleo. Enquanto uns brigam, outros ganham $$$$$$, de maneira que a caneta sempre está a ser usada, se afirmando enquanto arma de guerra para assinar e fundamentar leis que protege uns e extermina outros.
Nada é por acaso, nem mesmo a difusão e propagação de certas ideologias, o capitalismo gira em torno do lucro, a possibilidade de se ganhar dinheiro fácil alimenta o ego de quem quer sempre mais e mais, porque quanto mais melhor, há os que controlam e os que são controlados, de modo que a cegueira faz o homem servir aos interesses do controlador.
Descobriu-se que o bicho homem pode mobilizar exércitos, por isso se manipula tanto, para fazer o rebanho trabalhar em prol de interesses de uma minoria, e isso é lucrativo, há ideologias que movimentam milhões no setor industrial, disseminá-las chega a ser tão importante, quer dizer, lucrativo, satisfaz o ego de quem ganha, pois enquanto uns rezam outros lucram $$$$$$, ah, o lucro $$$$$$, compra pessoas, objetos, casas, mansões, indústrias, etc., disseminar determinadas ideologias é lucrativo para avantajar os que se dizem mais espertos, o ideal seria que cada um trabalhasse para sua própria sobrevivência, mas quando se faz um batalhão trabalhar para sustentar uma minoria é mais vantajoso, pelo menos para a minoria que faz usufruto desses lucros produzidos pela maioria.
É nesse momento que a cobra ganha asas, onde os discursos tendenciosos ganham asas, favorecendo mais a uns que a outros, onde o conceito de moral, ética, justiça, etc., disfarçados de igualdade social e racial, se afirmam enquanto desiguais, pois se a doutrinação separa as pessoas não há igualdade, há diferenças na forma de se ver, enxergar e tratar as pessoas. O bicho homem cria motivos para tudo, até para guerrear, para fazer uns matarem aos outros, como bichos caçadores que querem dizimar os demais de sua própria espécie, espalhando o ódio entre eles, cegando-os a ponto de eles não enxergarem que estão sendo usados, e eles continuam a ser usados porque não enxergam, não querem ver. Para que uns ganhem outros precisam perder $$$$$, uns perdem e outros ganham, ganham, ganham tanto $$$$$ como também perdem.
A possibilidade de ganhos alimenta a indústria, a literatura alimenta seres pensantes, seres pensantes alimentam a indústria, eis o ciclo, alimentar, quer dizer, alienar cabeças para fazê-las trabalhar em prol do sistema e/ou de projetos de poder, é onde entra a doutrinação ideológica, onde os discursos que ganharam asas na unha de sujeitos tendenciosos viram possibilidades de lucros, o lucro agrada o sistema, por isso se difunde tanto certas ideologias, pois pessoas cegas não conseguem ver nem mesmo o mais óbvio, já que a cegueira coletiva pode ser de interesse ao sistema e/ou pelo menos para alguns que transformam isso em lucro para alimentar a indústria que, por sua vez, não pode parar, os lucros precisam circular, e assim os lucros $$$$$ circulam onde o povo não quer enxergar.
Determinados discursos doutrinadores são produzidos por pessoas que agem de má fé, de modo que muito do que se produz é com o intuito de doutrinar pessoas, o que justifica a pregação de uma moralidade falsa, excludente, intimidadora, que mais cega que faz ver. O risco está no fato de falsos valores morais fundamentarem leis e normas sociais. Eis o perigo, deturpa-se tanto certos discursos para se empreender planos de dominação, impondo ideologias que mais castiga que salva o povo. O pior, nos impõem tais ideologias goela à baixo para que as aceitemos, sem mesmo com o direito de reclamar, de modo que muitos que resistem a tais imposições acabam por ser discriminados, excluídos, perseguidos e/ou até mortos. É a barbárie contra a humanidade legalizada, tudo conforme as leis dos homens, pois são eles que criam e modificam as leis, por isso nada mais prático que fundamentá-las e disseminá-las mais em prol de projetos de poder que à favor do bem comum. Tentamos lutar contra isso, mas somos somente células dentro deste vasto mundo, células são facilmente exterminadas, somos facilmente exterminados em razão de grandes projetos de poder, pois quem controla é quem comanda. E o silêncio paira porque temos o hábito de fechar os olhos para o sofrimento alheio, de maneira que pessoas costumam mais se divertir que sofrer com a desgraça do outro, não é à toa que a indústria do cinema, bem como de grandes obras de arte se mantêm graças à tragédia do personagem que sofre e padece em vida, pois este nada mais é que o retrato de nós mesmos, pois sofremos e padecemos ainda em vida, com desgraças e tragédias que assolam nossos caminhos. O que nutre a literatura nada mais é que o cotidiano, onde diferentes pessoas, situadas em espaço-tempo diferentes, manifestam na arte sua forma de ver e enxergar o mundo.
É possível fundamentar e criar leis com base em textos, bem como em obras já produzidas, tais leis refletem bastante o interesse dessa minoria que detém o poder da caneta para tirar e acrescentar normas e regras sociais, de modo que se o povo não estuda nem se interessa pelo assunto ele, automaticamente, transfere esse poder a outros, o que não deixa de ser um risco para o bem ou o mau da sociedade. O homem é ambicioso, quer administrar a vida de outros homens, por isso se ele não cria, ele copia, a fim de difundir a ideologia que o interessa, e ele não dá ponto sem nó, se disfarçam de bons, usam de nossa boa fé para atingir seus objetivos, por mais maquiavélicos que sejam.
O autor se afirma por sua capacidade de convencimento, de modo que na obra de arte ele lança mão de uma série de artifícios da linguagem para enfeitar o seu discurso, o tom da palavra varia entre o ameno e o intenso, o claro e o escuro, o colorido e a ausência de cores, de modo que alegra e enfeita as personagens. Assim como diverte, também nos faz sentir medo, frustração, angústia, revolta, etc., na ficção temos o encontro do bom e do mau, da força celeste e da força das trevas, é um jogo que seduz, aprisiona e liberta. Independentemente de ser bom ou mau determinado texto, o importante é ir de encontro a outras narrativas. Literatura educa, mas o amadurecimento do leitor só é possível quando ele vai de encontro a outros textos para confrontar opiniões.
A caneta é o pincel e o papel é como a tela onde se pinta e desenha coisas boas e ruins, de modo que o produto final varia conforme os interesses do autor. Porém, neste vasto campo, discursos e imagens se formam e transformam, bem como se suprime e deforma. Sejamos realistas, não há esforço sem interesse, as pessoas agem conforme seus próprios interesses, sejam eles particulares e/ou de grupo. Muitos se aproximam de nós por simplesmente gostarem de nós, já outros por interesses não revelados ou segundas intenções, é preciso malícia ao lidar com o outro, assim eles são, assim há de ser.
Necessitamos da ficção porque o mundo real é suficientemente chato, desbravar o desconhecido aguça nossa curiosidade e sentidos, nos proporciona prazer, a literatura ensina, educa e ainda é a chave para o outro mundo, de modo que entramos e saímos deste universo com tal naturalidade quanto o abrir e fechar uma obra de arte. A ficção é bastante usada para se propagar diversas ideologias porque ela contagia desde a criança até os mais velhos, pessoas querem crer e acreditar em alguma coisa, é aí que mora o perigo, tomar o inverídico como verdade pode nos gerar confusões e julgamentos perturbadores, a ponto de isso influenciar nossas relações sociais, bem como em julgamentos que mais nos separa que une. É preciso cuidado com determinadas ideologias que adentram nossas casas, se elas o permitem desde discriminar até cometer atos bárbaros contra outras pessoas, inclusive contra os de sua própria família, há algo muito errado nisso, ou com a ideologia que tu segues ou com tu mesmo. Como tomas para si uma ideologia que o permite causar sofrimento ao outro sem ao menos isso lhe fazer sentir nenhum remorso? Ora, há algo errado ou com as ideologias disseminadas ou com as pessoas.
Não acredites em tudo que estares a ler, até mesmo a verdade é uma coisa relativa. Tu confias em tudo que eu escrevo? Se não, como confias em tudo que o outro escreve! Há muitas mentiras disfarçadas de verdades, tenha malícia nobre leitor, a verdade é um conceito que merece ser contestado, seja para o bem ou para o mau. Se estás a ler somente um livro há algo errado, ou contigo ou com o livro, pois este se afirma enquanto relato que tem começo, meio e fim, e isso acontece justamente para que nos debrucemos sobre outras obras, indo de encontro a outros pontos de vista sobre o mundo que nos rodeia. A função da obra de arte é libertá-lo de ideologias e paradigmas sociais que o aprisionam, se o teu livro mais o aprisiona que o liberta talvez seja melhor repensares o que estares a ler, a leitura deve ser um passo para a libertação, não para a cegueira. Liberte-se nobre leitor, liberte-se de ideologias que o aprisiona, faz sofrer ou auto crucificar, vá de encontro com a luz, só a leitura pode ser a luz que o fará ver.
Espero que nestas poucas linhas algo tenhas aprendido, é preciso separar o bom do ruim, assim como impor limites às ideologias que permitimos adentrar nossas casas/vidas, ideologias são criadas pelo homem para administrar a vida do homem, é preciso cautela, escolher entre a cegueira ou a luz, de modo que esta segunda se revela em ideias reveladas nos livros.
Estou-me a ir, vá de encontro com a verdade, só “a verdade vos libertará", vá...


Andréia Franco
20/05/2016.

sábado, 14 de maio de 2016

O SUCESSO E O FRACASSO

Créditos da imagem ao site:

            
          Falar no sucesso e no fracasso nada mais é que uma necessidade, de modo que o sucesso se afirma quando alcançamos os resultados esperados num dado empreendimento, já o fracasso se concretiza como uma perda, pelo fato de não termos ora conseguido alcançar determinadas expectativas desejadas ora perdido alguma coisa e/ou pessoa.
         O mal da sociedade moderna é que o fracasso, em si, virou sinônimo de vergonha, a ponto de nos fazer sentir vergonha de nós mesmos, de quem somos e do que somos. Eu vejo a questão de forma diferenciada, já que se houve por parte do indivíduo muito esforço na tentativa de se alcançar o sucesso, mas que este não foi alcançado por motivos desconhecidos,  não houve fracasso, o que houve foi uma empreitada não bem sucedida.
          É preciso lembrar o quanto nos martirizamos em razão do que entendemos como fracasso, a ponto de sofrer física e emocionalmente, chegamos a se martirizar tanto que nossa carne também adoece, ficamos com a imunidade de nosso corpo fraca, momento este que vírus, bactérias e diversas doenças agem com força, a ponto de nos levar à morte. Precisamos entender que pra alguém ganhar é preciso alguém perder, que tudo gira em torno do ganhar e/ou perder. Por mais que sejamos bons e/ou capazes nunca seremos suficientemente bons para determinadas pessoas,  que sempre haverá uma coisa ou outra em nós que os incomoda.
           Tal reflexão nos faz pensar no diferente, de modo que o diferente nos aproxima e/ou nos repele, lidamos com o diferente a todo momento, julgamos o diferente todo dia e toda hora, somos educados a julgar, julgar e julgar, como se fôssemos moralistas ou exemplo, daí o problema, julgamos tanto os outros a ponto de fazer o sentimento do fracasso se transformar numa verdadeira tortura psicológica que mais assassina que ensina o indivíduo. O excesso de julgamentos a que somos submetidos faz com que nos afastemos uns dos outros, nos expelimos a ponto de não querer nem mesmo ficar próximos, por isso as pessoas adoecem tanto, pois julgam tanto umas às outras que não compreendem a si mesmas, nem mesmo a razão do excesso do julgamento ao outro.
           O problema vai mais além, o excesso de julgamento a que somos submetidos se tornam tão presentes em nosso psicológico e em nossa vida a ponto de não conseguirmos nos libertar, pois quando não cuidamos de nossa saúde psicológica nosso corpo tende a adoecer, já que a saúde de nosso corpo não deixa de ser o reflexo do que habita em nossa mente, de modo que aproximamos e expelimos pessoas de nosso convívio social conforme as ações que praticamos, "para toda ação há uma reação", nossas ações geram reações naqueles que nos cercam/rodeiam.
           Em muitas sociedades a meritocracia deixou de ser ítem indispensável para se ocupar determinados cargos, então, se não há meritocracia para quê se martirizar? O certo seria que todos ocupassem vagas de emprego conforme seus próprios méritos, mas o mundo não funciona assim, hoje o mercado de trabalho funciona mais a dedo, ou o que chamamos de "quem indica". Há muitas pessoas capazes que estão amargando na fila dos desempregados, se martirizando, acreditando que a culpa é delas por seu suposto fracasso. Ora, a culpa, além de nossa, também é do sistema, vivemos num mundo desigual (onde uns tem oportunidades outros não), genocida, exterminador e parte das vezes comandado por psicopatas, de modo que este, por seu instinto frio e assassino, tende a agir mais em prol do extermínio de seu povo que na tentativa de trazer melhorias para o povo que trabalha para pagar o seu salário. Ou seja, esse é mais um problema do sistema a que estamos inseridos que de nós mesmos. O fato é que a culpa de as coisas não caminharem bem precisa recair sobre alguém, por isso recai mais sobre um povo, onde parte das vezes a maioria é analfabeto, que sobre um governo.
           Quando o sistema joga a culpa de tudo que acontece de ruim no cidadão de bem ele, automaticamente, se isola do sentimento da culpa, de modo que é mais fácil jogar a culpa no outro que reconhecer que há algo de errado com o eu/meu governo. O individualismo é assim, pois pensamos a todo momento mais no eu/meu que no outro, por isso julgamos mais o outro que o eu/meu. O sentimento da culpa é um verdadeiro fardo a se carregar, pessoas precisam se libertar desse fardo, jogando a culpa no outro o eu se exime do sentimento da culpa e ainda se liberta dessa coisa ruim. É de fato libertadora essa prática e mais fácil de administrar, pois estando libertos da culpa o organismo funciona melhor, tudo funciona melhor, o sistema funciona melhor, já que esse melhor relacionado ao sistema diz respeito aos interesses de quem o administra.
            E muitos até mesmo se matam acreditando que certas coisas não deram certo por causa deles, como se eles fossem os únicos culpados, não enxergando a ideologia que está ao seu redor. Para um sistema genocida exterminar a célula será mais importante que fazê-la enxergar, e o sujeito se auto extermina sem ao menos se dar conta da verdade, e você passa toda a sua vida amargando ao acreditar que a culpa foi unicamente sua porque foi aducado a acreditar assim, e o pior, a ideologia conformista nos torna passivos para que aceitemos as coisas como elas são. As pessoas agem como se odiassem umas às outras, e quando elas se odeiam elas não pensam, o ódio toma conta delas a ponto de as cegar, e assim elas brigam umas contra as outras sem se dar conta que a origem do problema está mais na forma como o sistema é administrado que nelas mesmas, mas você se sente culpado porque você não pensa, sente tanto ódio pelo outro e tanto sentimento ruim que chega a adoecer e a não acreditar na verdade, porque a verdade liberta, a mentira aprisiona, muitos vão o querer liberto, outros aprisionado, cabe a cada um de nós escolher por qual porta adentrar.
           Falo isso para que muitas pessoas comecem a pensar que pessoas diferentes tem oportunidades de vida/educação/trabalho diferentes, onde a desigualdade social/cultural reina, o ser humano é um animal pensante, por isso o ódio se infiltra tanto nas mais diversas camadas sociais, para que as pessoas se dispersem e deixem de pensar, por isso também se condena tanto pessoas que pensam diferente, porque o pensar diferente pode influenciar pessoas e muitos não querem que seus cordeirinhos sejam influenciados, há pessoas que perdem e que ganham com determinadas ideologias, a libertação de  uns pode ser o prejuízo de outros, eis a dicotomia, o perder e o ganhar.
            A verdade é uma só dentro desse vasto campo que abrange noções sobre o fracasso e o sucesso, que sempre perderemos e ganharemos, que sempre haverá um que perde e outro que ganha, pois até a morte se tornou objeto de lucro, veja as funerárias, elas lucram quando pessoas perdem a vida.
            Portanto, caro leitor, o sentimento de fracasso e/ou culpa que carregas dentro de si talvez seja por algo que tu não sejas de fato culpado, se tu sofres talvez seja melhor repensares a ideologia que segues e/ou os motivos que o fazem sofrer, se de fato vale a pena ou não carregar esse fardo ao longo de toda a vida, o sofrimento é um caminho para o morrer, a libertação para o viver, cada um é o responsável por seu próprio caminho, somente tu tens a chave da tua vida, precisarás escolher que porta abrir e que caminho seguir, boa sorte em sua jornada.
         Estou-me a ir, meu pensamento tosco já deu, vou cuidar de outros assuntos, força e forte abraço.

Andréia Franco
14/05/2016.




sexta-feira, 13 de maio de 2016

GREGOR


Créditos da Imagem ao site: 



             Gregor chegou à casa como um menino, era embalado por sua mãe, ela se punha a cantar, oh Gregor, como tu és pequenino! No embalo do aconchego da família Gregor crescia, desde menino fala em crescer, estudar e trabalhar, é prendado, por um futuro melhor há de lutar. Tem alma de valente, muito ele faz por muita gente. Gregor é prestativo, estuda todos os dias para vida melhor conquistar. Porém, a família de Gregor é bastante simples, tem pouco dinheiro para a casa manter, Gregor cedo começa a trabalhar, aos 13 (treze) anos arruma seu primeiro emprego numa mercearia, assim ele ajuda todo mês seu Pai e sua Mãe nas despesas da casa, ah Gregor, tu és iluminado, precisa ser conservado, a Mãe e o Pai de Gregor bradavam graças aos trocadinhos que ele ganhava, ajudava a inteirar o dinheiro das contas do final do mês. Gregor sentia-se satisfeito, útil na casa, às vezes até cantava, quem canta seus males espanta, Gregor cantava para seus males espantar, e Gregor muitos dias se punha feliz a bradar.
              Gregor fez carreira, um salário bom chegou a ganhar, enquanto Gregor ganhava, seu Pai, sua Mãe e sua irmã punham-se a descansar, a ponto de Gregor ser o que mais ganhava na casa, Gregor ganhava e sua irmã bradava, ah Gregor, como tu és bondoso, e o carinho da irmãzinha chegava a ser meloso, tanto que babava, parecia um felino a adular, eis o sonho que estou a contar. Gregor era o centro da casa, todos adulavam Gregor, o filhinho querido da Mamãe e do Papai, sua maninha bradava orgulhosa do Gregor que para manter a casa se punha a trabalhar, presenteavam-no, paparicavam-no, Gregor parecia ser mais um salvador, ah Gregor, como tu és bom, maior que tua bondade não há nada que há.
            
             Gregor se sentia honrado, era tão doce que chegava a ser melado, tanto que se lambuzava, mas Gregor desconfiava dos discursos que estava a escutar, pareciam ser falsos, não estou a mentir. Gregor tinha seu próprio quarto, comia à mesa com todos os demais na casa, era o centro das atenções, serviam-lhe diferentes degustações, Gregor não se acanhava, ficava satisfeito de ver-se como o homem da casa, escuta o que estou a falar, ah, Gregor, como tu és bondoso, és honrado e caridoso. Gregor ficava a pestanejar: bondoso, caridoso? Isso é xaveco que não querem falar, e os dias se iam, eles bradavam e riam com o sucesso de Gregor, ah Gregor, tu és o menino que eu sempre sonhei em ter, dizia sua Mãe, adulavam Gregor como se o melhor fosse, um rapaz de honra que qualquer um sonhou em ser.
           Gregor escutava e se punha a trabalhar, era o melhor que fazia, eis o que estou a bradar, vai Gregor, vai de tua vida cuidar, tu és homem de negócio, o trabalho é seu ócio, tu precisas gerenciar. Amigos batiam à porta de Gregor, tratavam de negócios, ele se tornou um homem influente, tomavam  café, diziam ter fé, Gregor não se enganava, era o homem que orgulhava a casa, chegava a ser visto como um bom partido, Gregor era orgulho, assim sua mãe contava, ele cedo acordava, tinha que batalhar para manter a casa, chegava tarde da noite, era atrevido, articulista, solucionava problemas e deixava seu patrão se sentindo abençoado, ah, Gregor era o funcionário que ele sempre sonhava em ter, resolvia os problemas da empresa, deixava tudo sobre a mesa, o Patrão ficava orgulhoso, chegava a pensar torto, no Gregor o funcionário do mês, queria agradar Gregor para ele continuar a gerar lucros, ah, o Gregor era o funcionário que ele sempre sonhou em ter.
            Gregor não era desmerecido, era um sujeito que dizia ter vencido, e Gregor se punha contente a bradar, ah, de tão contente ele se punha a cantar e Gregor cantava até chegar o dia que seu canto começou a desafinar, foi acometido por uma grave doença, seu mundo desmoronou, o desbravador virou a casaca e sua vida se esfacelou. Seu quarto vivia sujo, pra não dizer imundo, Gregor virou um problema, parou de trabalhar, seu orgulho se esfacelou feito terra, de tanto chorar seu coração chega a berrar, ah, a tempestade está a cair, a doença pegou Gregor, ele se cala, tem a impressão de ter virado a peste da casa, não dava lucros, só despesas e trabalho, mas doente chega a morrer em vida, é raça que está a ser banida, que querem exterminar para trabalho à família não mais dar, Gregor ficava imundo, pouco o banhavam, foi quando o Gregor começou a se metamorfosear.
         O Patrão de Gregor só o visitou uma vez, viu que não tinha jeito, abandonou de vez. A Mãe de Gregor pouco o dava atenção, gente doente vira verme, mais parece amarração, as regalias da casa que Gregor mantinha se foram de vez, sua Mãe o olhava duro, era um olhar amargo, Gregor chorava tanto que chegava a berrar, ah, pobre Gregor, era um miserável, fico então a pensar quantos Gregor neste mundo há, a doença faz a desgraça do Gregor reinar, o doente mais parece ser um ser invisível que ninguém quer olhar, e o grito de Gregor era torto, tapavam os ouvidos pra ninguém ouvir, ligavam o som alto, enquanto Gregor se esfacelava em prantos ligavam o som alto, antes escutar som alto que o berro de Gregor, causava vergonha aos vizinhos, ah, alguns amigos de Gregor nada sentiram com sua tragédia, no fundo riam, rir da desgraça alheia é normal, normalizou-se tudo, desgraça alheia é motivo de riso na língua de quem diz ser muito sabido, são tão sabidos que caem em risos quando alguém se dá mau, só riam enquanto a desgraça de Gregor não lhe acomete, daí nobre leitor, o berro se torna público, eis o que diz o desbravador. Gregor está a sofrer, morrendo em vida, pode crer. Gregor se sente inútil, seu orgulho acabou, sua vida se esfacelou, ninguém dá atenção a Gregor, não estou a mentir, Gregor, não se deixe ir.
             Gregor se sente sem forças para lutar, virou inseto imundo, começa a se metamorfosear, jogam-lhe comida ao quarto para não deixá-lo morrer de fome, ele evita sair do quarto, começou a virar um ser esquisito, que come ao chão como baratas, sem higiene e educação. Gregor quase não sai do quarto, depois que começou a se transformar ficou estranho, dá vergonha até de olhar. Gregor espia  pela fechadura o que acontece na casa, se chega visitas Gregor não pode nem sonhar em aparecer, virou vergonha, nem sua mãe nele há mais de crer, ah, pobre Gregor, está virando um bicho imundo que nem sua própria família quer ver.
             Gregor não mais senta à mesa para comer, come no quarto, isolado, o que mais o mata e o deixa frágil não é nem doença, mas a forma como a família o vê, num inseto ele está virando, até criou asas, que voa pelos cantos da casa para dos olhos alheios se esconder. Gregor só come depois de todos se abastecer, fica com os restos, é o canto que estou a dizer, servem a Gregor as sobras dos pratos, jogam comida ao chão, insetos comem sobras, Gregor  come sobras, ficam a se espernear do trabalho que Gregor dá, só reclamam de Gregor, Gregor virou inseto sarnento e imundo, não cuidam de Gregor, ninguém quer cuidar de Gregor, ele se põe a sofrer.
             Gregor se põe a rastejar até mesmo para comer, de tanto se rastejar criou patas, se adaptou a sua nova vida, como inseto ele é tratado e como inseto há de morrer, pela morte de Gregor já esperam, virou vergonha da casa, tem que morrer para dar espaço a outros que querem viver. Gregor chega a incomodar, até seu barulho irrita seu Pai, que o trata mau toda vez que ele se põe a berrar, ele berra porque este é seu jeito de chorar, sua Mãe não o dá mais colo, a criança cresceu e se transformou num inseto que ninguém faz questão de ver, Gregor o inseto agora sente vontade de morrer, Gregor vai se definhando cada dia mais, até o dia de sua metamorfose ficar completa, ninguém mais na casa sente vontade de estar ao lado de Gregor, ele inseto virou e inseto se mata, não o alimenta para ele forte ficar e vir a incomodar, Gregor começa a ter que roubar comida em sua própria casa se quiser sobreviver, tem que usar suas habilidades de inseto  para chegar até a cozinha sem ninguém perceber, ninguém quer olhar a Gregor, nem mesmo ficar perto de doentes que só fazem padecer, pode estar contaminado, eis o que estou a dizer.
            
  Certa noite, fazem um belo jantar, trazem visitas para provar, elas adentram a casa, Gregor está no quarto, não sabe dos convidados que estão a chegar. Gregor se põe a babar, a refeição parece estar boa, ele não se aguenta, inventa do quarto sair, ninguém o vê, se esconde atrás do sofá, à parede ele se põe a rastejar ao ponto de sobre a mesa cair, as visitas de tão assustadas com a feição de Gregor se põe a correr, a porta é o caminho para quem não quer crer. Seu Pai pega uma vassoura, Gregor usa suas asas para fugir, Gregor tenta fugir, leva vassouradas de seu próprio Pai até morrer, foi atingido na cabeça, não teve segunda chance, assim se age com insetos, quando gente vira inseto o maltratam tanto até o dia que ele chega a falecer, e Gregor falece, já era algo a se prever.
             O velório de Gregor ocorreu tudo normal, só seu Pai, sua Mãe e sua Irmã que estavam a se despedir, Gregor não era mais de utilidade ao mundo, por isso foi condenado a morrer, assim como muitos de nós somos condenados a morrer quando não somos mais considerados úteis ao mundo, eis a vida como ela é, pode crer.
            Caro leitor, por isso é preciso cuidado com as coisas que tu estás a dizer e a fazer, há muitos Gregor que já morreram, outros que hoje ainda sofrem e muitos que estão por vir, não sabemos quem será o próximo Gregor, por isso, mais amor e paciência com o outro.
           Estou-me a ir, preciso seguir viajem, o Gregor se foi e eu fiquei, o amanhã há de chegar, a aurora há de brilhar, a vida é feita de momentos, cuidado para não virares um Gregor, nossa vida é cheia de passagens nubladas e escuras, assim como o sol vem, a escuridão um dia pode tomar conta de nossos caminhos e nos fazer amargar até os últimos dias.
            Paz no coração, até mais.  

Andréia Franco
13/05/2016.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

MEU MEDO É DO BICHO HOMEM!

Créditos da Imagem ao site:



           Tratar do medo nada mais é que coisa normal, já que este se afirma enquanto sentimento  natural do bicho homem, a ponto de termos medo de nós mesmos e/ou de outros bichos de nossa espécie.
           Dentre as teorias sobre o surgimento do bicho homem podemos citar ora a criacionista e/ou religiosa, ora a evolutiva, defendida pela ciência. Porém, uma coisa não podemos omitir, o homem, na qualidade de animal, também pode ser comparado a um bicho, pois quando falamos em bicho falamos em animais.
           Pensemos na natureza, com tantas diversidades da fauna e flora o homem é o único predador que mais estraga, polui e devasta a natureza, a natureza sobrevive sem o homem, mas o homem não sobrevive sem a natureza, e mesmo assim a extermina, de modo que é inimaginável a existência humana sem tudo que a natureza nos fornece, e mesmo nós humanos estando conscientes disso ainda a depredamos e evitamos adotar políticas públicas para o reflorestamento e recuperação da fauna e da flora, e não falamos aqui somente de ONGs ou organizações/setores que protegem o meio ambiente, mas também de nós mesmos, na forma como lidamos com o mundo exterior a nós.
           A devastação causada pelo bicho homem é de fato assustadora, ela assusta até mesmo os demais de sua própria espécie, isso mais parece papo de contador, mas não é, o bicho homem tem medo do próprio bicho homem, de modo que agimos por instinto animalesco, queremos caçar, pescar, buscar, pegar, etc., e muitos agem como se vampiros fossem, tem sede de sangue, querem matar, caçando o próprio homem a ponto de, um dia, poder ser o responsável pelo extermínio de sua própria raça.
             Ficamos em nossas casas nos guardando como se fôssemos animais em sua toca, se protegendo dos perigos do mundo e de nosso maior predador: o próprio homem, este é um sujeito desconhecido, pode ser perigoso confiar nele sem o conhecer, ele fala, ouve, vê e anda, é um bicho exterior a nós, não sabemos suas intenções e malícias quando ele se aproxima que, por sua vez, podem ser boas ou más e, como não temos bola de cristal para adivinhar, acabamos por temer o bicho homem como o diabo corre da cruz. Tem bicho homem que diz ter medo dele mesmo, por não saber de fato do que é capaz, a que limites pode chegar, isso pode significar coragem, força de vontade, superação, honestidade, mas também hipocrisia, mentiras, falsas polêmicas, assassinatos, etc.
              Estamos a todo momento à mercê de estar em risco por causa do bicho homem,  ele ronda nossas casas todos dias, nos cerca, nos rodeia, chegamos a confiar nele, ele nos trai, nos enche de sonhos e faz tudo desmoronar, como num sonho onde o castelo se desfaz porque foi construído de areia, o sonho é como areia, ele se constrói e desconstrói, ele se forma e deforma, o bicho homem é perigoso, ele apunhala pelas costas quem tanto o ajuda/ama, ele tem instinto assassino, pode ser um serial killer, ele veste pele de cordeirinho para se aproximar, depois toma liberdades e nos apunhala pelas costas, é um animal que diz ter honra, muitos têm, mas outros são como cobras, trocam de pele a qualquer momento, agem como cobras esperando o momento certo para dar o bote, e dão, é preciso cuidado com o bicho homem, quem come à nossa mesa é o que mais nos trai, o pior é ter que admitir que o bicho homem gosta da mentira, pois quando dizemos a ele verdade ele se repele, some, se desagrada, por isso são facilmente enganados por bichos falsos moralistas, porque o bicho moralista é falso, ele não diz a verdade, verdade é coisa fina, contamina e liberta, a mentira também contamina, mas aprisiona, fede porque engana, fede feito enxofre, é um odor invisível, desprezível, que nos gera repulsa quando a verdade encontramos, a mentira é imunda, por isso o bicho homem chega a ser imundo, porque ele mente e engana, faz os outros bichos humanos de palhaços.
            Quando saímos à rua, nosso maior medo não é de outras espécies de animais, mas do bicho homem, saímos com medo que o bicho homem nos assalte,  roube ou tire a vida, o bicho homem é o maior inimigo de sua própria espécie, ele nos ataca quando menos esperamos, seja em casa, na rua, na garagem, etc., a qualquer momento podemos ser vítimas do bicho homem, pior que o bicho homem não há, escute o que estou a falar. O bicho homem rasteja feito cobra, ele mata porque tem instinto predador, ele cuida de sua cria porque tem instinto maternal, eis o melhor de todos os instintos, o maternal, aquele que embala e cuida de sua própria prole, mas ele também abandona, assim como ele cuida ele também abandona sua prole, por isso ele é animal, tem instintos animais, o que o coloca na qualidade de bicho.
            Não estou aqui a falar mau ou bem do bicho homem, mas ele tem instinto animalesco e, como tal, merece ser chamado de bicho, há muitos que tem um instinto protetor admirável, são bons e confiáveis, mas o fato é que nunca conhecemos o outro completamente, por isso o repelimos como se ele fosse um bicho, porque há qualidades em muitos que não gostamos, o que é um direito nosso, gostar ou não gostar do outro, amar ou não amar o outro, querer ou não querer conversar e/ou estar perto do outro. Nos repelimos porque queremos viver a nossa individualidade e privacidade, cada um no seu canto, na sua toca, cuidando do seu próprio alimento e de suas coisas, nossa vida é, em si, nossa própria tragédia, nela perdemos e ganhamos, caminhamos e tropeçamos, vibramos e choramos, etc.
           O bicho homem é estratégico, maquinista, insano, leviano, ordeiro, egoísta, quer as coisas só para si, por isso ele é ganancioso, quer poder, quer a atenção de todos, te chama de irmão pra ganhar sua confiança e, depois, trata os demais como submissos, como se subalternos fossem, há  bichos humanos que são humildes, incapazes de cometer certos atos contra a vida/honra alheia, e isso é nobre, mas há aqueles que querem ganhar o título de rainha da cocada preta, como se fosse o Melhoral de todos, o Melhoral se souber disso mata ele, fica enciumado, o bicho homem quer aparecer nem que seja em cima dum jegue falante enfeitado com rosas para mostrar o quanto seu jegue é mais bonito que o do outro, que não há jegue mais bonito que o seu jegue, assim ele ganha panca de nobre, por ter o jegue falante mais bonito da redondeza. O bicho homem é aparecido, por isso muitos o chamam de Aparecido, porque ele aparece, sim, se ele existe ele aparece, normal.
             Nobres amigos, riam porque estou a fazer graça, a graça não enjoa, não é à toa que muitos se chamam Graça, ah, a Graça que me perdoe, mas preciso ir atrás do meu jegue falante, vou enfeitá-lo com coroas, vou ser a coronela no mundo que estou a despir, obrigada pela visita, preciso amansar meu jegue para que ele não me derrube, ele é mau humorado, solta pum pelas ventas quando os gazes muito o incomodam, bye.

Andréia Franco
11/05/2016.


quarta-feira, 11 de maio de 2016

POR QUE O PRECONCEITO?

Créditos da imagem ao site:

           Ficamos a nos perguntar as razões para a existência do preconceito, esse sentimento tão ruim que acompanha a história da humanidade de modo tão presente no social.
         Para entender o preconceito, primeiro, precisamos despir o ser humano, como se o desenhássemos nú numa tela e começássemos a pintá-lo com cores vibrantes e suaves, eis o homem, um ser que usa tons frios e quentes para se dirigir ao outro, que mostra sua força e fraqueza na forma como fala e expressa. O eu individual entra em conflito com o social, é o eterno conflito do sujeito com o mundo, conflito esse que não conseguimos nos desvincular ao longo de toda a vida. No social é que pessoas se entendem e desentendem, que agem conforme interesses particulares e/ou de grupo. Para toda ação há uma reação, eis a razão, o preconceito nada mais é que uma resposta ao ódio de uns contra outros, de conflitos de interesses.
         O preconceito é um jogo de controle social, onde há jogadores e telespectadores, ou seja, há quem joga e quem assiste ao jogo, não é à toa que passamos tantas horas na televisão, a famosa novelinha distrai enquanto os jogadores que controlam os mais diversos órgãos reguladores da indústria midiática, estética, etc., ganham, assistir a novelinha tem um preço, tudo tem um preço, ficar no sofá pode ser mais interessante que perturbar quem cuida da administração de um estado ou país, por isso enquanto tu espreguiças em seu confortável sofá os impostos sobem, os preços sobem, a prestação do carro e da casa sobe e você coloca a culpa no além porque foi adestrado a pensar assim, a ter fé de que tudo vai melhorar, como se tudo fosse culpa do além, não dos homens.
            O preconceito é como o ódio, é elemento de distração, o povo se distrai, perde o foco. Enquanto alguns lucram você não sai do seu sofá, não se preocupa com nada, nem pra onde vai o dinheiro dos seus impostos, daí você começa a se perguntar porquê falta escola, educação, saúde, etc., ora, tu empurras tudo com a barriga e ainda se acha no direito de reclamar? Mano, tá difícil viu! Sejamos sinceros, ao deixares de se importar com determinadas coisas você, automaticamente, transfere esse poder a outros, sejam eles honestos ou não, e se o cofre da sua nação cair nas mãos de ladrão, tristeza, há de lhe roubar até o último tostão. Ria meu nobre leitor, ria porque a vida é feita de sorrisos e lágrimas, num dia sorrimos, noutro choramos, a vida já é suficientemente amarga para não desandarmos em risos, rir de nossa desgraça é graça, dar a chave do cofre da sua casa a ladrão é pedir para ele torrar até o último tostão, ria que amanhã derramarás lágrimas, precisarás de remédio, saúde, educação, etc., se não tiveres dinheiro na poupança meu irmão, estarás igual eu, duro que nem pau de arara, eis porque o chamo de irmão, risos.
          Uma das funções do preconceito é fragilizar o adversário, como se ele fosse uma mosca falante que precisa ser exterminada, por isso tanto discurso de ódio, desprezo, ofensa, palavrão, etc., eis aqui o instinto animalesco do homem, utilizar-se de estratégias que mostram seu lado rústico, bruto, insano e assassino. O inapto é como a barata, ela não incomoda o sistema, somente vive, não se manifesta. A marca do preconceito é a inaptidão das células, isso significa pessoas inaptas, que não agem, como se fossem massa de manobra úteis somente para o voto, perturbar a ordem social e outras artimanhas.
          Frisamos que para o êxito de alguns em certos empreendimentos, outros precisam perder, padecer e/ou até mesmo morrer, muitos vivem e outros sobrevivem, eis o grande desafio, sobreviver num mundo desigual, cruel, exterminador e genocida, que trata pessoas como se fossem células, onde cada célula exterminada significa um ponto para o jogador, enquanto tu sofres de depressão e outros males eles comemoram, veja só que contraditório, uns sofrem outros sorriam, eis a nossa tragédia meu nobre irmão.
          Lutar contra alguns projetos de poder é uma empreitada quase impossível, somos apenas células controladas por uma pequena minoria, células que não servem ao sistema costumam ser dizimadas, por isso o preconceito se faz tão presente em nosso meio, e tu cultivas tanto ódio dentro de si que não percebes que estares a ser usado, usado como papel higiênico, que depois de usado é descartado, prova disso é o ódio que sentes dentro de si é o mesmo que o adoece e o separa do mundo, o mesmo que mata e assassina seus sonhos e alegria de viver, só o amor sara, o ódio mata, seu ódio mata a ti próprio, adoece sua alma a ponto de torná-lo inapto para o sistema que tanto se empenhares a servir, precisas refletir nobre leitor, o feitiço se vira contra o feiticeiro, eis o que estou a esculpir.
          Cuidado, nobre leitor, querer ser muito esperto pode ser um passo para a sarjeta ou até mesmo cadeia, isso faz eu lembrar de uma pessoa que me dizia que pessoas que se acham muito espertas acabam por serem burras, sim, burras porque cometem crimes contra a honra/vida alheia e deixam pistas para o bom investigador ir a sua caça que, por sua vez, o encontra simplesmente por esse motivo, excesso de inteligência pode ser burrice, eis o que estou a narrar, cuida-te porque o tempo não há de voltar, tens que ter cuidado no solo que estás a pisar, enfeite sua vida com verdades, melhor que viveres de falsidade, elas não se sustentam por muito tempo, tenderão a cair porque são feitas de utopia, lhe transmitem noção de falsa alegria, e quando a falsa alegria acabar, verás o quanto a realidade é bruta, que chegamos a apanhar, apanhamos porque somos células controladas, é o sistema opressor que contra nós está a lutar, é de fato uma contradição, às vezes o sistema parece estar a nosso favor, noutras contra, eis o movimento, não é fácil lutar à margem da desilusão.
          Somos influenciados, agimos em grupos, copiamos comportamentos. A verdade é uma só, se a ideologia que tu segues não o faz se sentir bem e em paz, expelindo ódio pelas ventas, como se todos os demais fossem seus inimigos, amigo leitor, algo pode estar errado, ou com a ideologia que tu segues ou contigo.
           Estou a me despedir, vou nadar em palavras, há muitas imagens a formar, universos a desbravar e heróis a desconstruir, bye, estou-me a ir.

Andréia Franco
11/05/2016.