quarta-feira, 8 de junho de 2016

O INFERNO E O PARAÍSO SÃO ESPELHOS DE NÓS MESMOS


Imagem retirada do site:


           Falemos hoje da noção de inferno e paraíso, pois para isso não precisamos ir muito longe, basta aperfeiçoar nosso olhar analítico e observador.
           No inferno é onde mora a maldade, malandragem, tristeza, melancolia, enfim, é como se fosse o lado negro do nosso eu, também se afirma como o castigo e penitência daqueles que não foram bons o suficiente ao longo de suas vidas, mas, qual o castigo/penitência pior que sofrer por nossos próprios erros, que sermos castigados pela massa opressora, calados ou até mesmo mortos? O inferno é ora o padecer em vida, ora o que nos afasta dos demais, é ter que aprender a lidar com o lado ruim do ser humano, aprender a enxergar suas artimanhas, bem como seus jogos que protege uns e desclassifica/extermina outros.
          Já o paraíso descrevem como sendo o lado bom, alegre, plausível, como a luz que ilumina a escuridão, é a luz que emana de nossa alma, o carisma, a afeição, a graça, o riso, a beleza, é o lado bom daquilo que admiramos nas pessoas, que nos aproxima, que nos faz querer estar próximas a elas e até mesmo a querer controlá-las. Um paraíso é construído por nossos desejos mais íntimos, seja sensitivo, sexual, emocional, pode estar mais próximo a um ideal, ou seja, reflete aquilo que não temos e tanto desejamos/queremos ter/alcançar.
          Não haveria sentido as trevas sem a luz, nem a luz sem as trevas, é preciso um existir para o outro também existir. A tragédia humana é alimentada ora por nossa graça, ora por nossa desgraça, já que vencemos e perdermos nessa grande batalha da vida, de modo que temos mais facilidade em lidar com o ganho, que é algo compensador, que com a perda, onde nos é tirado/suprimido algo/alguém que tanto amamos/cuidamos/almejamos.
           Pregam ideologias de seres perfeitos porque a perfeição humana está em nossos próprios defeitos e frustrações, nunca seremos suficientemente perfeitos para alguns, para outros talvez, isso reflete nossa necessidade de criar, em nosso imaginário, seres e situações que estão acima de nós, num plano elevado e espiritual, eis o momento que o céu e o inferno tomam forma, onde o irreal e o surreal nos é servido de banquete como ideologia ora como recompensa, ora como castigo.
         Como nossas emoções, sentimentos e alegrias são limitados, criamos seres imaginários que refletem o que há em nós, fazendo eclodir o inferno e o paraíso, mantendo a literatura, o discurso e a criatividade viva, que alimentam nossa necessidade de ficção e fantasia, perpetuando a existência destes seres superiores enquanto entidades imortais e permanentes nas mais diversas culturas e sociedades.
          Enfim, queremos ser muito espertos, mas sempre haverá alguém mais esperto que, conhecendo nosso ponto fraco usará isso a seu favor, o paraíso e o inferno nada mais é que uma visão utópica do que há de bom e mau dentro de nós, alimentada por nossos medos, bem como por nossa necessidade de recompensa.



Andréia Franco
08/05/2016.


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