sábado, 20 de fevereiro de 2016

O CASO SHEENA SHIRANI E A EXPOSIÇÃO DO MACHISMO

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/02/mulher-vira-simbolo-apos-divulgar-audios-de-assedio-no-ambiente-de-trabalho.html

            Primeiro, vamos filosofar sobre o fato de a Sra. Sheena Shirani ter virado símbolo na luta contra o assédio sexual no trabalho. Então, abordamos aqui a sua nacionalidade iraniana (uma cultura extremamente fechada e conservadora), o que torna o seu ato enquanto heroico e desbravador, já que denunciar determinados crimes nesta cultura é quase um “atentado contra a própria vida”, prova disso são as declarações da Sra.  Sheena à mídia de que, após as denúncias, vem sofrendo ameaças  de morte contra ela e sua família.
                Vamos entender que as leis que regem a sociedade são feitas por homens, para administrar a vida dos homens, de modo que atitudes que fujam daquilo que foi estabelecido como de “boa conduta” pode gerar ao sujeito graves consequências e sanções sociais, já que leis existem, mas, quando levamos em consideração que são os próprios homens que as administram, é evidente presumir que o conflito de interesses existe e que “a corda sempre arrebenta para o mais fraco”.
                Diante do exposto, defendo aqui, conforme afirmado logo acima, a atitude da Sra. Shenna como um ato heroico e desbravador porque tamanha coragem serve de exemplo para encorajar outras mulheres, tanto de sua cultura como de outras, a também denunciarem os assédios sexuais sofridos no trabalho e/ou em outras instâncias da sociedade. Afinal, quantas Sheenas, Marias, Adrianas e tantas outras mulheres que lidam, sofrem e, em muitos casos, ficam com distúrbios e traumas permanentes em decorrência desse assédio sofrido a curto e/ou a longo prazo?
                É notório que a denúncia de tal crime cometido contra a integridade  física e psíquica da mulher, já que os DIREITOS UNIVERSAIS DA MULHER prevê seus direitos e deveres, venha a causar tamanha repercussão, uma vez que a mulher está descobrindo que, além da personagem tão “desenhada” pela grande mídia de mãe e mulher, ela também pode ser uma voz capaz de “arrastar” uma multidão a lutar por seus direitos e a denunciar os crimes cometidos contra ela. Vou citar o meu ditado: “uma mulher sozinha não faz verão, mas várias faz um arrastão”.
                Friso que, em toda batalha, há sangue, sorrisos, lágrimas, sucessos e fracassos,  que a mulher, desde o ventre de sua mãe, vive uma história repleta de sucessos e tragédias, já que ela precisa, constantemente, aprender a lidar com o machismo que, na maioria dos casos, visa obter vantagens e favores sexuais da vítima: a mulher. Há sociedades onde os direitos da mulher são mais reconhecidos que em outras, que a mulher, ao se reconhecer como MULHER e agente atuante nesse meio, precisa usar de artifícios que “forcem” a sociedade a reconhecer os seus direitos e a sua participação no social e, assim, garantir que sua voz seja reconhecida e ouvida, bem como os seus direitos previstos em lei.
                Cada batalha é uma batalha, cada guerra é uma guerra, seja ela dentro ou fora de casa. O fato é que o modo de agir do “eu (mulher)” influencia no meio exterior, de que o exterior influencia no modo de agir do “eu (mulher)”. Então, cabe à mulher reconhecer que ela, enquanto membro e participante da sociedade devem lutar e gritar “aos quatro cantos do mundo” os crimes cometidos contra ela, uma vez que, além dela, há tantas outras com seu grito “entalado” na garganta por terem medo de se manifestarem e da repressão social.
                 É fato que um “grito” ou outro pode não ser ouvido, mas que vários pode dar outras diretrizes ao seu país e/ou a sua nação, de que nossas leis podem ser mudadas e revistas, que se tal mudança não é feita por “boa vontade”, fazem por pressão das mais diferentes vítimas que, cansadas, como é o caso de Sheena, resolvem dar um basta e escancarar o ridículo de determinadas situações a que são/eram submetidas e expostas diariamente.
              É fato que a luta da mulher, independentemente ela de sua cor, raça ou etnia, é uma luta incansável, pois os ditos “caçadores” querem se avantajar de suas “presas”, de modo que a presa, de vítima, precisa virar a leoa ardilosa o suficiente para mudar as regras do jogo.  Então, mulher, seja você uma Sheena, Maria, Adriana, ou seja lá qual for o seu nome, saiba que você tem nas mãos uma poderosa arma, essa arma é a sua palavra, a sua força e a sua valentia.
                Porém, é sempre preciso cuidado e cautela, pois cada situação é uma situação, cada sociedade é uma sociedade, cada uma de nós, mulheres, precisamos presumir quando estamos ou não em situações de risco, sendo assim possível prever quando é possível recuar ou avançar. É preciso deixar a leoa reprimida ecoar, liberte-se mulher, além da caverna há muito que se desvendar.
                Enfim, convido nossas mulheres, essas que estão com o seu grito “entalado” na garganta a agirem como uma Sheena Shirani, como uma Rita e como tantas outras que, por não suportarem mais, resolvem soltar o seu grito e o seu apelo ao mundo, porque o mundo precisa de mudanças e, para que essa mudança comece, mudemos nós mesmas nossa forma de pensar e agir para, depois, conseguirmos alcançar mudanças no mundo/sociedade em que vivemos.
                Para finalizar, deixo aqui o seguinte poema:

Palavra
Siga em frente,
Siga adiante,
A batalha começa,
É preciso se armar,
A palavra, ah, a palavra,
Nunca conheci arma
Melhor que há!
                Andréia Franco
Jornalista (MTB 3409/GO)
20/02/2016.

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