Primeiro, vamos filosofar sobre o
fato de a Sra. Sheena Shirani ter virado símbolo na luta contra o assédio
sexual no trabalho. Então, abordamos aqui a sua nacionalidade iraniana (uma cultura
extremamente fechada e conservadora), o que torna o seu ato enquanto heroico e
desbravador, já que denunciar determinados crimes nesta cultura é quase um
“atentado contra a própria vida”, prova disso são as declarações da Sra. Sheena à mídia de que, após as denúncias, vem
sofrendo ameaças de morte contra ela e
sua família.
Vamos
entender que as leis que regem a sociedade são feitas por homens, para
administrar a vida dos homens, de modo que atitudes que fujam daquilo que foi
estabelecido como de “boa conduta” pode gerar ao sujeito graves consequências e
sanções sociais, já que leis existem, mas, quando levamos em consideração que
são os próprios homens que as administram, é evidente presumir que o conflito
de interesses existe e que “a corda sempre arrebenta para o mais fraco”.
Diante
do exposto, defendo aqui, conforme afirmado logo acima, a atitude da Sra.
Shenna como um ato heroico e desbravador porque tamanha coragem serve de
exemplo para encorajar outras mulheres, tanto de sua cultura como de outras, a
também denunciarem os assédios sexuais sofridos no trabalho e/ou em outras
instâncias da sociedade. Afinal, quantas Sheenas, Marias, Adrianas e tantas
outras mulheres que lidam, sofrem e, em muitos casos, ficam com distúrbios e
traumas permanentes em decorrência desse assédio sofrido a curto e/ou a longo
prazo?
É
notório que a denúncia de tal crime cometido contra a integridade física e psíquica da mulher, já que os DIREITOS UNIVERSAIS DA MULHER
prevê seus direitos e deveres, venha a causar tamanha repercussão, uma vez
que a mulher está descobrindo que, além da personagem tão “desenhada” pela
grande mídia de mãe e mulher, ela também pode ser uma voz capaz de “arrastar”
uma multidão a lutar por seus direitos e a denunciar os crimes cometidos contra
ela. Vou citar o meu ditado: “uma mulher sozinha não faz verão, mas várias faz
um arrastão”.
Friso
que, em toda batalha, há sangue, sorrisos, lágrimas, sucessos e fracassos, que a mulher, desde o ventre de sua
mãe, vive uma história repleta de sucessos e tragédias, já que ela precisa,
constantemente, aprender a lidar com o machismo que, na maioria dos
casos, visa obter vantagens e favores sexuais da vítima: a mulher. Há
sociedades onde os direitos da mulher são mais reconhecidos que em outras, que
a mulher, ao se reconhecer como MULHER e agente atuante nesse meio, precisa
usar de artifícios que “forcem” a sociedade a reconhecer os seus direitos e a
sua participação no social e, assim, garantir que sua voz seja reconhecida e
ouvida, bem como os seus direitos previstos em lei.
Cada
batalha é uma batalha, cada guerra é uma guerra, seja ela dentro ou fora de
casa. O fato é que o modo de agir do “eu (mulher)” influencia no meio exterior,
de que o exterior influencia no modo de agir do “eu (mulher)”. Então, cabe à
mulher reconhecer que ela, enquanto membro e participante da sociedade devem
lutar e gritar “aos quatro cantos do mundo” os crimes cometidos contra ela, uma
vez que, além dela, há tantas outras com seu grito “entalado” na garganta por
terem medo de se manifestarem e da repressão social.
É fato que um “grito” ou outro pode não ser
ouvido, mas que vários pode dar outras diretrizes ao seu país e/ou a sua nação,
de que nossas leis podem ser mudadas e revistas, que se tal mudança não é feita
por “boa vontade”, fazem por pressão das mais diferentes vítimas que, cansadas,
como é o caso de Sheena, resolvem dar um basta e escancarar o ridículo de
determinadas situações a que são/eram submetidas e expostas diariamente.
É
fato que a luta da mulher, independentemente ela de sua cor, raça ou etnia, é
uma luta incansável, pois os ditos “caçadores” querem se avantajar de suas
“presas”, de modo que a presa, de vítima, precisa virar a leoa ardilosa o
suficiente para mudar as regras do jogo.
Então, mulher, seja você uma Sheena, Maria, Adriana, ou seja lá qual for
o seu nome, saiba que você tem nas mãos uma poderosa arma, essa arma é a sua
palavra, a sua força e a sua valentia.
Porém,
é sempre preciso cuidado e cautela, pois cada situação é uma situação, cada
sociedade é uma sociedade, cada uma de nós, mulheres, precisamos presumir
quando estamos ou não em situações de risco, sendo assim possível prever quando
é possível recuar ou avançar. É preciso deixar a leoa reprimida ecoar,
liberte-se mulher, além da caverna há muito que se desvendar.
Enfim,
convido nossas mulheres, essas que estão com o seu grito “entalado” na garganta
a agirem como uma Sheena Shirani, como uma Rita e como tantas outras que, por
não suportarem mais, resolvem soltar o seu grito e o seu apelo ao mundo, porque
o mundo precisa de mudanças e, para que essa mudança comece, mudemos nós mesmas
nossa forma de pensar e agir para, depois, conseguirmos alcançar mudanças no
mundo/sociedade em que vivemos.
Para
finalizar, deixo aqui o seguinte poema:
Palavra
Siga em
frente,
Siga adiante,
A batalha
começa,
É preciso se
armar,
A palavra, ah,
a palavra,
Nunca conheci
arma
Melhor que há!
Andréia Franco
Jornalista (MTB 3409/GO)
20/02/2016.