domingo, 30 de dezembro de 2018

João de deus e os falsos julgamentos



Nossa cultura nos educou a acreditar que tudo que é de deus é bom, que aquilo que não é de deus não é bom, cujo conceito, se levado ao “pé da letra”, fará sempre grandes vítimas, é o caso das vítimas de “João de deus”, cujo nome foi propositadamente utilizado para ele se parecer “bom” aos olhos alheios, como se para as pessoas serem boas um simples nome bastasse.
Tal mudança de nome, de João, para “João de deus” foi essencial para o reconhecimento de tal sujeito como autoridade religiosa, o que o permitiu tanto lucrar milhões com sua façanha, quando abusar sexualmente de suas vítimas alegando ser um “enviado por deus”. Porém, lembramos que já foi comprovado por estudiosos que a liderança religiosa é bastante enseada por doentes mentais (psicopatas), já que são muitos os casos de líderes religiosos que se aproveitam de sua postura de "autoridade" para “devorar suas ovelhas”, posição que acaba por ser um “prato cheio” para predadores sexuais e pedófilos.
 Desse modo, quando tal predador acaba por ser reconhecido como “autoridade” é onde mora o perigo, pois tendo ele acesso às nossas mulheres e crianças, pode se aproveitar de oportunidades para realizar seus desejos mais obscenos, como se isso fosse algo permitido por seu deus, cujos resultados são os que já vimos, como o de abusos sexuais em mulheres, crianças, violência física, psicológica, etc. Pior ainda é pensar que, culturalmente, a vítima é sempre culpada, como é o caso de “João de deus” vir desqualificando suas vítimas, ou até mesmo colocando a culpa nos “espíritos”, tudo para se parecer bom e isolar sua responsabilidade de abusador.
Por outro lado, em função dos julgamentos que emanam a partir da noção de que tudo que é de deus é bom, que aquilo que não é de deus não é bom, temos uma geração de pessoas que, por não cederem aos preceitos religiosos, são julgados e castigados erroneamente como indivíduos maus. É verídico que continuar julgando as pessoas de tal maneira só dará margem para novos abusadores, enquanto pessoas inocentes que nada fizeram sofrem e até morrem por julgamentos equivocados alheios.
Enfim, dentro de nosso mundo humano há pessoas boas e más, religiosas e não religiosas, nem todo religioso é bom, e nem todo não religioso é mau. Há religiosos e não religiosos bons, e há religiosos e não religiosos maus. Julgar o livro pela capa é o pior caminho, para a vítima de algum predador, pode ser o último, um caminho sem volta, talvez...

Andréia Franco
30/12/2018.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Pra quê ter medo do Satanás se quem nos inferniza são os humanos?



Muitos medos nos perturbam. Vamos dizer então que cada um de nós tem dentro de si o seu próprio medo, pode ser medo de altura, de animais silvestres, de pessoas desconhecidas, do sobrenatural, etc. Esse medo pode ganhar a dimensão que você der a ele, pode ficar cada vez maior, até maior que você, se você deixar de viver muito que gostaria em razão do seu medo, ou pode diminuir cada dia mais, cada vez que você ir conseguindo superar o seu medo.  
Vamos agora enxergar o seu medo por duas perspectivas: a primeira, nos leva a pensar que quanto mais medo nós tivermos, mais frágeis psicologicamente ficaremos, o que nos torna mais fáceis de sermos manipulados por outras pessoas. Do outro lado, há quem nos manipula, para ele, quanto maior for o seu medo, mais força ele terá sobre você para te controlar. Desse modo, a dimensão do seu medo pode determinar a força que o outro [dominador] terá sobre você e sua vida. Então, é de se presumir que se o seu medo estiver enfraquecido, mais liberto você será, mas se o seu medo for intenso, maior influência o seu dominador exercerá sobre você. Agora, associemos nosso medo à imagem de um monstro, cujo tamanho pode ser pequeno ou imenso.
Em seguida, pensemos que esse monstro, segundo a cultura popular, pode ter vários rostos, como o do Bicho-Papão, Lobisomem, Pé Grande, Dragões, Satanás, etc., de modo que tal conhecimento, por passar de geração em geração, acaba por permanecer em nossa sociedade. Porém, é de se frisar que estes monstros são, na verdade, uma representação de nossos próprios medos, sejam eles pequenos ou grandes. Além disso, tal representação pode adquirir significações maiores, como o de representar o que há de mais perverso nas pessoas, como: a psicopatia, sociopatia, antipatia, manipulação, desacreditação de um em prol do outro, o medo de ..., o medo de... , o medo de..., enfim, quantos medos abrigarem a mente humana.
Com isso, percebemos que são tantos os medos que moram dentro de nossa mente que, por sua vez, eles acabam por ganhar forma nas representações dos mais diferentes fantasmas e monstros até hoje criados. Imaginemos então que graça teria tais personagens se, por acaso, não tivessem características humanas como falar, ouvir, pensar, odiar, etc. Por isso, é de se pensar que tais características são propositadamente atribuídas a tais seres imaginários, ganhando assim nossa confiança e status de verdade, mesmo que não seja verdade.
Tomando em consideração tais apontamentos, acredito ser preciso termos mais cautela com as pessoas que nos cerca que com o próprio Satanás, o pobre nunca aparece e ainda leva culpa por tudo. Na verdade, Satanás e outros monstros de nossa cultura popular são o reflexo do que há de ruim em nós mesmos, vamos dizer então que é o nosso lado ruim representado figurativamente.
Do contrário, são as pessoas que, de fato, nos amam, odeiam, infernizam, etc. Voltamos então à questão: Pra quê ter medo de Satanás se quem nos inferniza são os humanos?
Grande abraço.

Até a próxima.

Andréia Franco, 27/12/2018,