Nossa
cultura nos educou a acreditar que tudo que é de deus é bom, que aquilo que não
é de deus não é bom, cujo conceito, se levado ao “pé da letra”, fará sempre
grandes vítimas, é o caso das vítimas de “João de deus”, cujo nome foi
propositadamente utilizado para ele se parecer “bom” aos olhos alheios, como se
para as pessoas serem boas um simples nome bastasse.
Tal
mudança de nome, de João, para “João de deus” foi essencial para o
reconhecimento de tal sujeito como autoridade religiosa, o que o permitiu tanto
lucrar milhões com sua façanha, quando abusar sexualmente de suas vítimas
alegando ser um “enviado por deus”. Porém, lembramos que já foi comprovado por
estudiosos que a liderança religiosa é bastante enseada por doentes mentais
(psicopatas), já que são muitos os casos de líderes religiosos que se
aproveitam de sua postura de "autoridade" para “devorar suas ovelhas”, posição que acaba
por ser um “prato cheio” para predadores sexuais e pedófilos.
Desse modo, quando tal predador acaba por ser
reconhecido como “autoridade” é onde mora o perigo, pois tendo ele acesso às nossas mulheres e crianças, pode se aproveitar de oportunidades para realizar
seus desejos mais obscenos, como se isso fosse algo permitido por seu deus,
cujos resultados são os que já vimos, como o de abusos sexuais em mulheres,
crianças, violência física, psicológica, etc. Pior ainda é pensar que, culturalmente,
a vítima é sempre culpada, como é o caso de “João de deus” vir desqualificando
suas vítimas, ou até mesmo colocando a culpa nos “espíritos”, tudo para se
parecer bom e isolar sua responsabilidade de abusador.
Por
outro lado, em função dos julgamentos que emanam a partir da noção de que tudo
que é de deus é bom, que aquilo que não é de deus não é bom, temos uma geração
de pessoas que, por não cederem aos preceitos religiosos, são julgados e
castigados erroneamente como indivíduos maus. É verídico que continuar julgando
as pessoas de tal maneira só dará margem para novos abusadores, enquanto
pessoas inocentes que nada fizeram sofrem e até morrem por julgamentos
equivocados alheios.
Enfim,
dentro de nosso mundo humano há pessoas boas e más, religiosas e não
religiosas, nem todo religioso é bom, e nem todo não religioso é mau. Há
religiosos e não religiosos bons, e há religiosos e não religiosos maus. Julgar
o livro pela capa é o pior caminho, para a vítima de algum predador, pode ser o
último, um caminho sem volta, talvez...
Andréia
Franco
30/12/2018.