sábado, 21 de janeiro de 2017

PESSOAS NÃO PRECISAM DE SALVAÇÃO, MAS SIM DE AJUDA, ESPECIAL VALDOMIRO.



Valdomiro, ainda bem que
Existem poetas para dar graça
À desgraça alheia, afinal,
Tens espírito de mutante,
Se não fosses jumenta falante.

Valdomiro, olhe só sua condição,
A vida te deu grande lição,
Tu dizes salvar aos outros, mas
Não salvas nem a ti mesmo, quase
Morres pela lâmina de um facão

Valdomiro, estás a pagar o preço
Do teu sermão, pau que bate em
Chico não bate em João, mas se
Bates em Chico não estranhes
Se ele aparecer à tua porta com
Um facão escondido dentro do
Seu calção.

Valdomiro, podem chamar de
Mandinga, macumba ou maldição,
Mas estás passando por uma dura
Provação, tu faltastes às aulas de biologia,
Por isso se prendes ao ensino da religião.

Valdomiro, falar sobre o mito qualquer
Um pode fazer, quero ver ser capaz de
Passar no vestibular, fazer faculdade,
Ser um cidadão de exemplo, pode crer,
Esta é a nossa maior provação

Valdomiro, tua pregação te sustenta,
Por isso mentes tanto, mas teu fiel um
Dia haverá de acordar, escuta o que
Estou a falar.

Valdomiro, pregas tanto a salvação,
Mas não salvas nem a ti mesmo,
Precisas do amigo para lhe estender
A mão, teus seres imaginários não
O protegem, pessoas sim.

Valdomiro, veja só que contradição,
A salvação é um mundo tão utópico,
Todos querem alcançar, mas ninguém
Quer morrer primeiro para saber
Como é que realmente é.

Valdomiro, coisa  estranha da vida
É se dizer curador e ires ao médico
Quando estás a sentir dor.

Oh, Valdomiro, como é difícil ser tosco,
Um dia seu fiel acorda e verás que tu
Estás a fazê-lo de tolo.

Oh, Valdomiro, dizem que a verdade
Salva, mas tua palavra não te salva
Das artimanhas da vida.

Oh, Valdomiro.

Andréia Franco, 21/01/2017.



























domingo, 15 de janeiro de 2017

A DEMONIZAÇÃO DO DIFERENTE



      Primeiro, é preciso frisar que demonizar algo ou alguém consiste no ato de torná-lo demoníaco, equipará-lo ao “demônio” (personagem de origem religiosa, termo bastante citado para se fazer referência a tudo que é taxado de mal, como espíritos que queiram fazer mal a alguém na terra, traições, perseguições, leviandades, etc.)
      Dentro deste campo, muitas passagens que descrevem tais “demônios” são narradas, ou seja, passíveis de deturpação, o que significa que podem não ser o reflexo fiel da realidade, talvez um espelho, que a reflita com ângulos onde seja possível aumentar e/ou diminuir as coisas e os fatos, pois tudo depende da forma como se enxerga, analisa e disseca tais seres, o que alimenta nossa necessidade de fantasia, pois na literatura tudo se torna possível, até mesmo o que nunca existiu ganha vida, cor e voz.
       Já por diferente, é preciso frisar que consiste naquelas pessoas que não pensem igual às demais, de modo que prega-se tanto o pensar diferente que acabamos por observar que o indivíduo, muitas vezes, tem dificuldades em lidar com suas próprias diferenças, que dirá com as alheias. É uma contradição social, nos estimularem a fazer a diferença nos diversos campos de nossa vida (pessoal e profissional), e sermos induzidos, por discursos levianos e discriminadores, a não aceitar o diferente, demonizando-o como se fosse uma coisa má possuída por um suposto espírito do Além.
       Um dos grandes erros de nossa educação talvez esteja no fato de que somos induzidos a acreditar que o irreal exista e interfira no mundo real, de modo que acabemos por misturar e não saber diferenciar o real do irreal, eis o grande erro, como também mágica das palavras, pois tudo se é contado por intermédio da palavra, nossas histórias macabras, de santos, magos, fadas, etc.
      O erro do ato de se demonizar pessoas se dá pelo simples fato de que somos impulsionados a julgar o outro, a acusar, nunca a compreender, pois é mais fácil apontar o dedo para o outro que colocar-se no lugar do outro, prega-se mais que se pratica, como se a pregação valesse mais que a própria prática, palavras levianas se vão com o tempo, ações marcam e permanecem, talvez seja hora de se julgar menos e agir mais.
       O demonização ocorre como uma auto-defesa, é uma questão que alimenta o ego das pessoas, tipo: “é a palavra dele ou a minha”, “vou demonizá-lo para me auto-defender”, quem demoniza o outro quer defender seu ponto de vista, dizer que ele está certo e que o outro está errado, podemos ter neste campo uma relação de interesses, sejam eles financeiros, de poder, etc.
       Enfim, precisamos ter mais cautela e cuidado com as palavras, é preciso refletir sobre os dois lados, dois pesos, duas medidas, o mundo humano envolve egos, (in)verdades, etc., de tudo isso, só tenho certeza de uma coisa, quanto mais aprendo menos sei, tudo é parcial, nosso conhecimento, foco, objetivo, etc...
Andréia Franco
18/12/2016.