sexta-feira, 24 de abril de 2020

O bicho homem: maior SALVADOR de sua própria espécie



                A pandemia do covid-19 serviu para ensinar aos homens que até aqueles que se dizem mais protegidos por suas crenças religiosas estão também propensos a serem vítimas do vírus, já que doença não escolhe cor, classe social ou religião e, mais ainda, de que há humanos mais e menos resistentes ao adquirirem determinadas doenças.
               O nosso corpo é um organismo que responde das mais diferentes formas às diversas doenças que nos afetam, de modo que essa “engrenagem” às vezes está mais forte, às vezes mais fraca, o que pode ser decisivo se veremos ou não o próximo amanhã, já que dele alguns farão parte e outros não, pois pessoas nascem e morrem todos os dias, fenômeno comum no mundo animal.
              O ser humano é alguém que SALVA, pois ele cuida dos seus, acolhe e protege. A pandemia ensinou ao homem que é o HOMEM quem protege o próprio HOMEM, de que se houvesse de fato uma força sobrenatural, alguns seriam abastados e outros excluídos, como se a culpa de muitos por viverem na miséria fosse deles mesmos, não do sistema ao qual estão inseridos, o que seria um bom pretexto para culpar os desafortunados por sua própria desgraça e imunizar os avantajados que se beneficiam com esse tipo de sistema. Bem-vindos ao mundo real, onde a desigualdade impera, onde a cor, a classe social e a religião nos separou, onde o individualismo pode ser algo benéfico, mas que deve caminhar em conjunto com o coletivo e o social, o que nem sempre acontece.
Na verdade, ao nascermos somos inseridos em contextos diversos, sejam eles bons ou ruins, pois o ciclo (nascer, crescer, reproduzir e morrer) da vida não cessa, ainda que o mundo animal progrida e decaia. Ao contrário do que se pensa, talvez a nossa progressão esteja na ambição, desejo de evoluir e conquistar algo pretendido, ou talvez essa seja a nossa própria desgraça, o motivo de nosso infortúnio e má sorte. Dizem que a humildade é o maior de todos os nossos valores, mas esse valor associado a interesses de “outrem” pode ser uma característica (in)feliz, acredite meu bom leitor, muito (in)feliz.
           Em resumo, só o homem SALVA o próprio HOMEM, seja por meio de cuidados, trabalho, esforço, doação de alimentos, sangue, órgãos, etc.
Andréia Franco, 24 de abril de 2020.